Toni Kroos concedeu uma extensa entrevista à edição deste domingo do jornal espanhol El País, na qual 'abriu os livros' a propósito da (inesperada) decisão de colocar um ponto final na carreira, no verão de 2024, aos 34 anos de idade, quando era titular indiscutível no Real Madrid e retomava a atividade na principal seleção alemã.
"Passei vários meses a pensar nisto, ou seja, não me levantei uma manhã da cama e disse, de repente, a mim mesmo 'Tens de retirar-te!'. Não, amadureci a ideia durante muito, muito tempo. Já no ano anterior tinha pensado em retirar-me, mas, no final, decidi renovar por mais um ano com o Real Madrid, que tinha insistido muito. Mas isso, não mudou a minha ideia, que foi sempre retirar-me assim, e, felizmente, consegui fazê-lo", começou por afirmar.
"Retirei-me a um nível muito elevado. Penso que é difícil fazer melhor do que fiz na minha última temporada, com o Real Madrid. Saí depois de conquistar o campeonato e a Liga dos Campeões", prosseguiu, sublinhando que seria impossível "aguentar até aos 40 anos de idade", visto que, sublinha, "é preciso sair antes que o corpo peça para parar".
"O melhor é sair o mais elevado possível. Sais com uma sensação magnífica, porque foste tu a tomar a decisão. Isto, antes que alguém me mandasse para o banco de suplentes, porque não já era tão bom ou porque já não era tão importante para a equipa, como fui até ao final... Preferi decidir eu mesmo. Quis evitar tudo isso. Nem o meu treinador, nem a minha família, nem o meu corpo me iriam dizer quando retirar-me", completou.
O antigo internacional alemão deixou, ainda assim, uma confissão: "É uma mudança radical, e, se só tivesse terminado dentro de dois ou três anos, teria sido igual, mas a minha ideia era terminar o mais alto possível. Se eu tinha a sensação de que podia ter continuado a jogar futebol durante mais dois ou três anos? Sim. Se pensava que tinha de fazê-lo? Não".
Com um 'olho' no Real Madrid
Ainda que esteja arredado do mundo do futebol, Toni Kroos continua a acompanhá-lo com atenção, particularmente, o Real Madrid, clube que representou, entre 2014 e 2024. E, nesta mesma entrevista, recusou justificar a 'queda' que os merengues sofreram, na passada temporada, ao facto de já não estar lá para dar o seu contributo.
"Há uma coisa clara, que é que a posição de médio é fundamental, no futebol moderno. Isso não dá margem para dúvidas. Olhem para o que se passou no Manchester City, depois de se ter lesionado um jogador como Rodri. O que acontece é que só se sente a falta de um bom médio ou de um pivê defensivo... quando não está. Quando está, é algo que se dá por garantido, é como se não se notasse, como se estivesse tudo em ordem e, então, os avançados já pudessem resolver os jogos com tranquilidade", refletiu.
"Desde que me retirei, tornei-me num seguidor do Real Madrid, o que é normal, depois de dez anos passados aqui. E eu vi, como todos os outros seguidores da equipa, que não foi uma temporada fácil. E as pessoas diziam 'Ah, é porque não está lá o Toni Kroos!'. E a única coisa que eu desejava era que as coisas funcionassem bem e que deixassem de dizer isso", rematou.
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