"Função do governador é prevenir, função do primeiro-ministro é decidir"

O Presidente da República separou hoje o plano economicista e preventivo do governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, e as responsabilidades sociais de quem governa "e tem de fazer" aproveitando a folga orçamental.

Marcelo, Centeno

© Horacio Villalobos - Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
09/06/2025 15:54 ‧ há 5 horas por Lusa

Economia

10 Junho

Esta distinção foi feita por Marcelo Rebelo de Sousa em declarações aos jornalistas, em Lagos, no distrito de Faro, a meio de uma visita a uma exposição de meios e capacidades militares das Forças Armadas Portuguesas - um programa integrado nas comemorações do Dia de Portugal.

 

Interrogado sobre os recentes avisos transmitidos pelo governador do BdP em matérias como o ritmo de crescimento da despesa em Portugal e previsão de regresso do país aos défices orçamentais, o chefe de Estado sustentou a tese de que esta instituição age sempre nessa linha "preventiva".

O Banco de Portugal "é há muito tempo muito crítico, até mesmo com os governos do primeiro-ministro [socialista] António Costa era, por exemplo com as despesas na saúde e outras despesas assim. E dizendo que as despesas sociais estavam atingindo um limite".

A seguir, o Presidente da República fez questão de acentuar que Mário Centeno e Luís Montenegro têm papéis e responsabilidades diferentes, já que "a função do governador é prevenir e a função do primeiro-ministro é decidir e fazer melhor".

Segundo o Marcelo Rebelo de Sousa, embora se perceba o ponto de vista de Mário Centeno, "desde que haja o cuidado de não atingir o equilíbrio das contas tem de se perceber também a situação da saúde ou da habitação".

"Uma coisa é a visão economicista e financeira, que tem que ser prevenida. Outra coisa é quem governa não pode dizer que não fazemos estes investimentos em termos sociais quando ainda há uma margem, uma folga em termos de contas do Estado", assinalou o Presidente da República.

Perante os jornalistas, o chefe de Estado recusou haver uma divergência aberta entre Mário Centeno e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, contrapondo ser da opinião que "os dois têm razão", embora falem de "coisas diferentes".

"O governador do Banco de Portugal tem razão quando diz que aquilo se passa no mundo, não é positivo e cria uma imprevisão. Em tempo de imprevisão, as pessoas não consomem, poupam e não investem, esperam", assinalou o Presidente da República.

Ainda de acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, esta situação de imprevisibilidade na economia mundial refletiu-se no primeiro trimestre, "logo a seguir à entrada em funções" do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"O consumo diminuiu, investiu-se menos, e, como é evidente, as pessoas esperam para saber se há tarifa, se não há tarifa, se é amanhã, daqui a dois, três ou quatro meses. Isto está a afetar todas as economias e afetou Portugal nos primeiros meses do março - e tem estar presente, porque se continuar assim pode afetar o resto do ano", avisou, ainda quando procurava interpretar o sentido da mais recente intervenção do governador do Banco de Portugal.

No entanto, de acordo com o chefe de Estado, o primeiro-ministro também deve ser compreendido quando defende a tese de que Portugal, perante esta conjuntura, "tem tentado resistir o melhor que é possível".

"Primeiro porque vínhamos com um bom balanço com o ano passado, quando ainda a administração não era [a de Donald] Trump, era a de [Joe] Biden. Segundo lugar, porque o turismo recuperou rapidamente", advogou Marcelo Rebelo de Sousa.

Ainda segundo a perspetiva do Presidente da República, algumas exportações nacionais "têm aguentado" e a "Alemanha está a subir um bocadinho".

"Em terceiro lugar, temos investimentos, podemos pegar no PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) e investir mais e melhor, juntando a economia aos fundos. Não ser um ministro a tratar dos fundos e um outro ministro a tratar da economia. Vamos ver se isso acelera", comentou.

Marcelo Rebelo de Sousa pegou ainda nas previsões do Banco de Portugal sobre o crescimento do país para concluir: "Significa que se fosse assim Portugal aguentava este balanço internacional e ia tentando encontrar uma forma de equilíbrio interno".

Leia Também: "O PRR está a patinar em muitos casos, a demorar muito tempo"

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