O consumo de alimentos minimamente processados, e cozinhados em casa, pode levar a um perda de peso duas vezes maior do que ao fazer uma dieta com alimentos ultraprocessados considerados saudáveis. A conclusão é de um estudo publicado esta segunda-feira na revista Nature Medicine.
A investigação teve por base um grupo de 55 pessoas do Reino Unido os quais foram seguidas ao longo de oito semanas. Foram-lhes dadas dois tipos de dietas, com refeições ultraprocessadas ou minimamente processadas.
"Este novo estudo mostra que, mesmo quando uma dieta ultraprocessada atende às diretrizes nutricionais, as pessoas ainda vão perder mais peso ao fazerem uma dieta minimamente processada", disse em comunicado Kevin Hall, um dos autores do estudo.
Revelou que este estudo "é o maior e mais longo ensaio clínico controlado de alimentos ultraprocessados até hoje". O autor já tinha feito estudos do género anteriormente. Nesta recente investigação, os participantes poderiam consumir o que quisessem das quatro mil calorias distribuídas e registar o seu consumo diário.
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No final das oito semanas, tinham passado pelos dois tipos de dietas. Nas primeiras, receberam refeições diárias e snacks minimamente processados, como esparguete à bolonhesa caseiro ou overnight de aveia. Aqui incluiam-se ainda frutas, vegetais, carne, leite e ovos.
Na segunda metade do estudo, receberam alimentos ultraprocessados, como barras de cereais prontas a comer, lasanhas embaladas ou wraps já feitos. "Tentámos criar uma dieta ultraprocessada saudável escolhendo alimentos ultraprocessados com o número recomendado de frutas, vegetais e fibras e níveis mais baixos de sal, açúcar e gorduras saturadas", revelou Christopher Gardner, outro dos autores do estudo.
Ambas as dietas tinham de estar equilibradas quanto aos padrões nutricionais aceites no guia alimentar do Reino Unido, o Eatwell Guide. "Este é um estudo muito sólido, que compara intervenções dietéticas em termos de nutrientes e distribuição de grupos alimentares, variando apenas a contribuição de alimentos ultraprocessados", revelou David Katz, que não participou no estudo.
Em ambas as dietas, houve o registo de perda de peso. No caso da dieta ultraprocessada, as pessoas acabaram por consumir menos 120 calorias por dia. Já na dieta minimamente processadas, consumiram menos 290 calorias por dia, o que levou a ainda mais perda de peso e a menos gordura corporal no fim.
"Uma possível explicação é que as pessoas na dieta minimamente processada não gostaram das refeições 'saudáveis' tanto quanto de suas dietas habituais", explica a professora Marion Nestle.
"Consideraram a dieta minimamente processada menos saborosa. Essa dieta enfatizava alimentos frescos 'de verdade', enquanto a dieta ultraprocessada incluía produtos alimentícios ultraprocessados 'saudáveis' embalados comercialmente", continou.
"Quando se altera uma uma dieta ultraprocessada para ter menor densidade energética caloria e menos alimentos altamente processados, pode compensar alguns dos efeitos dos alimentos ultraprocessados que causam excesso de ingestão calórica e aumento de peso", continuou Kevin Hall.
Assim, aconselha que a leitura dos rótulos e a escolha de alimentos com baixo teor de sal, gordura, açúcares e ricos em fibra. Alerta para o consumo excessivo de alimentos com aditivos e nomes que não conhece.
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