Sánchez pede perdão por corrupção no PSOE, mas afasta crise no governo

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, reconheceu hoje haver "indícios muito graves" de corrupção envolvendo o 'número três' do Partido Socialista espanhol (PSOE), mas rejeitou uma crise no Governo e a possibilidade de antecipar eleições.

Spain's Prime Minister Pedro Sanchez holds presser at PSOE headquarters

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Lusa
12/06/2025 17:44 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Espanha

Numa conferência de imprensa na sede do PSOE, em Madrid, Sánchez garantiu que só hoje conheceu o relatório da investigação policial segundo o qual o secretário de Organização do partido, Santos Cerdán, negociou comissões de pelo menos 520 mil euros, pagas por empresas de construção, na adjudicação de obras públicas.

 

Pedro Sánchez pediu "desculpa e perdão" a todos os espanhóis e, especialmente, aos militantes e simpatizantes do PSOE, e anunciou uma "auditoria externa" às contas do partido, apesar dos "relatórios positivos" do Tribunal de Contas sobre a organização, para "eleminar qualquer sombra de dúvida".

O líder do PSOE anunciou ainda, para breve, uma reestruturação da direção do partido.

"Até hoje de manhã estava convencido da integridade de Santos Cerdán", disse o líder do PSOE, que reconheceu ter trabalhado de forma muito próxima com o 'número três' do partido desde 2014 e estar hoje a sentir uma "profunda tristeza" e uma "enorme deceção".

Sánchez sublinhou que até hoje não conhecia ou sabia "absolutamente nada" do relatório da investigação policial que tem Santos Cerdán como alvo e reconheceu que contem "indícios graves, muito graves" de corrupção.

Santos Cerdán, que garantiu estar inocente, demitiu-se já da direção do PSOE, a pedido de Sánchez, e anunciou que vai também deixar o lugar de deputado.

Sánchez disse que este caso afeta a direção do PSOE, mas não o Governo espanhol e garantiu que não há uma "crise no governo", "em absoluto".

O primeiro-ministro rejeitou, como já fez no final da semana passada, antecipar eleições e voltou a dizer que a legislatura chegará ao final, até 2027.

Sánchez disse ainda que pretende voltar a ser candidato a primeiro-ministro quando houver eleições legislativas em Espanha.

Pedro Sánchez, primeiro-ministro desde 2018, voltou a ser eleito para o cargo pelo parlamento espanhol em novembro de 2023, por uma geringonça de oito partidos.

Desde que foi reinvestido no cargo, pessoas próximas do primeiro-ministro, como a mulher ou o irmão, e antigos membros do Governo e da direção PSOE, foram envolvidos em processos judiciais por suspeitas de corrupção.

O líder do PSOE disse que com "respostas contundentes", como a desta quinta-feira, faz a diferenciação entre "supostos casos e outros" que têm "efetivamente indícios que os corroboram".

O Tribunal Supremo de Espanha anunciou, em comunicado, que na sequência de um relatório de uma investigação policial a um antigo ministro dos Transportes de Sánchez (José Luis Ábalos), a justiça concluiu haver também "indícios consistentes" contra Santos Cerdán, por suspeita de negociação de comissões na adjudicação de obras públicas.

O ex-ministro José Luis Ábalos e um antigo assessor Koldo García começaram a ser investigados no ano passado pela suspeita de terem cobrado comissões pela venda a organismos públicos de material sanitário, incluindo máscaras, durante a pandemia da covid-19.

A investigação foi sendo alargada, à medida que foram recolhidas provas, documentos e testemunhos pela unidade da Guarda Civil espanhola com competências de investigação policial (conhecida como UCO).

As suspeitas contra Santos Cerdán resultaram de gravações de conversas telefónicas apreendidas pela UCO entre o dirigente socialista e Koldo Garcia e entre este e Ábalos. O relatório cita ainda mensagens escritas entre Cerdán e García.

Além da suspeita de corrupção, com a negociação do pagamento de comissões por empresas de construção pela adjudicação de obras públicas, o relatório policial sugere que nas primárias do PSOE de 2014, que tornaram Pedro Sánchez líder do partido, houve também manipulação de votos a favor do atual secretário-geral.

Sánchez realçou que o relatório da UCO refere "dois votos" manipulados, em primárias em que votaram mais de 100 mil militantes que venceu com mais de 17 mil votos de vantagem, garantido a transparência e segurança do processo eleitoral interno do PSOE.

Ábalos foi ministro entre 2018 e 2021 e, perante as suspeitas de corrupção, foi expulso do PSOE em 2024. Santos Cerdán era o 'número três' do PSOE desde 2017.

Pedro Sánchez chegou a líder do Governo por ter apresentado uma moção de censura, em 2018, ao então governo de direita do Partido Popular (PP), envolto em vários casos de corrupção.

"Tenho muitos defeitos, mas sempre trabalhei pela política limpa e pelo jogo limpo na política e sempre estive comprometido com a regeneração democrática do país e com a luta contra a corrupção, desde o Governo e desde o partido", afirmou, reiterando que, por isso, é uma "enorme indignação e profunda tristeza" ver que "todo um projeto político em que confiam milhões de pessoas" pode "ficar afetado" pelo comportamento de algumas pessoas.

[Notícia atualizada às 18h10]

Leia Também: Justiça vê "indícios consistentes" de corrupção contra 'n.º 3' de Sánchez

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