A marcação da primeira audiência, segundo o canal de televisão NTN24, acontece depois de várias ONG advertirem de que poderá ser deportado dos EUA apesar de ter solicitado asilo político e de ser beneficiário do Estatuto de Proteção Temporária.
Também depois de o congressista do Partido Republicano pelo estado da Florida Mario Diaz-Balart anunciar que pediu ao Departamento de Segurança norte-americano que detenha o processo de deportação, sublinhando que este chegou ao território norte-americano em 2022, após permanecer quatro anos detido "num centro de tortura" na Venezuela.
"Enviei uma carta ao Departamento de Segurança Interna expressando a minha profunda preocupação com a recente detenção de Gregory Sanabria, um corajoso preso político que passou mais de três anos detido, inclusive no infame centro de tortura de Maduro, 'El Helicoide'", escreveu na rede social X.
Na quarta-feira, a ativista Génesis Dávila, presidente da ONG Defende a Venezuela, explicou à imprensa que Gregory Sanabria entrou em território norte-americano após entregar-se às autoridades migratórias, na fronteira sul dos EUA, quando era possível realizar esse processo.
"As autoridades determinaram então que havia um risco credível de que a sua vida estaria em perigo se regressasse à Venezuela. A partir daí, Gregory iniciou um processo de asilo em liberdade, no qual teve de se apresentar constantemente para atestar que a sua estadia nos Estados Unidos estava a ser regular", disse.
Por outro lado, durante uma conferência de imprensa em Doral, Florida, representantes da Associação Multicultural de Ativistas Voz e Expressão (Amavex) e das ONG Venezuelanos Perseguidos Políticos no Exílio (Veppex) e Resistência sem Fronteiras (RSF) advertiram que "há milhares de venezuelanos que foram detidos e torturados entre 2014 e 2018, na Venezuela" e que correm o risco de ser expulsos dos EUA.
"Isto [a deportação] é algo que pode repetir-se constantemente, o que nos deixa em alerta e preocupa. Hoje é o caso de Gregory, que felizmente foi conhecido a tempo e exposto a nível mediático para que todos saibam, o que poderá gerar um resultado positivo", disse José Antonio Colina, presidente de Veppex.
O ativista questionou o que acontecerá com os detidos que não tiverem possibilidade de expor os seus casos. "Vão terminar na Venezuela e vão ser recebidos, não propriamente pelo menino Jesus", frisou, sublinhando que conhecidos políticos estão em Caracas a "ameaçar que estão à sua espera".
Entretanto o advogado e ativista dos direitos humanos Kelvi Zambrano anunciou que pediu à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos para que avance com medidas de proteção cautelar a favor de Gregory Sanabria, já que este corre "um risco real e irreparável" se for deportado dos EUA para a Venezuela.
Sanabria foi detido em 2014 por participar em protestos contra Nicolás Maduro no estado de Táchira, oeste do país. Esteve detido em El Helicoide, prisão sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin, serviços de informações), onde segundo os ativistas terá sido torturado.
Em 15 de junho apresentou-se voluntariamente ao Serviço de Imigração e Controlo de Alfândegas (ICE, siglas em inglês), como fez outras vezes no âmbito do seu processo migratório, tendo ficado detido.
Em 18 de maio, o Supremo Tribunal dos EUA autorizou o fim do Estatuto de Proteção Temporária.
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