Depois de na quinta-feira ter dado duas semanas a Teerão para negociar antes de decidir sobre uma possível intervenção militar norte-americana ao lado de Israel, Trump disse hoje que este prazo era um "máximo", e que poderá tomar a sua decisão antes.
Questionado sobre a possibilidade de os iranianos exigirem o fim dos ataques israelitas como pré-requisito para qualquer negociação, Trump disse que tal é "muito difícil".
"Quando alguém está a ganhar, é um pouco mais difícil do que quando alguém está a perder", acrescentou.
O Governo iraniano manifestou hoje disponibilidade para voltar ao diálogo sobre o seu programa nuclear se Israel cessar os seus ataques, após um encontro em Genebra, na Suíça, com as diplomacias britânica, francesa e alemã.
"Somos a favor da continuidade das discussões com o E3 [Alemanha, França e Reino Unido] e a União Europeia", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano aos jornalistas no final da reunião com os seus homólogos europeus.
Abbas Araghchi afirmou que o seu país "está pronto para considerar a diplomacia assim que a agressão cessar e o agressor for levado à justiça", referindo-se a Israel, que iniciou bombardeamentos em grande escala contra a República Islâmica em 13 de junho.
Após a reunião, os chefes das diplomacias das principais potências europeias indicaram que transmitiram ao governante iraniano o apelo para que Teerão retome as negociações que estavam em curso com os Estados Unidos antes da eclosão deste conflito, para evitar uma escalada regional.
Ainda à chegada a Morristown, Nova Jersey, Trump afirmou hoje que os europeus seriam inúteis na resolução da guerra entre o Irão e Israel.
"O Irão não quer falar com a Europa. Querem falar connosco. A Europa não poderá ajudar nesta questão", declarou o Presidente norte-americano.
Em Genebra, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, afirmou que o Irão foi instado a reatar negociações sem esperar pelo fim dos bombardeamentos israelitas.
Barrot defendeu que "não há solução" para o conflito entre o Irão e Israel "por meios militares", e apelou a Teerão para "estar aberto ao diálogo" com os Estados Unidos, ao mesmo tempo que advertiu ser "ilusório e perigoso" impor uma mudança do regime iraniano a partir do exterior.
No mesmo sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Johann Wadephul, considerou que a região se encontra numa "situação extremamente crítica" desde a abertura das hostilidades de Israel, que tiveram resposta através de bombardeamentos diários do Irão.
O pré-requisito para que as negociações deem frutos, no entanto, é que o Irão renuncie a "qualquer enriquecimento de material que possa ser utilizado para fabricar armas nucleares", sublinhou o ministro alemão.
Outra condição para o lado europeu, destacada por Wadephul, é que os Estados Unidos possam participar nas negociações e na solução para esta crise.
O chefe da diplomacia de Londres, David Lammy, sublinhou igualmente que os governantes europeus deixaram claro que "o Irão não pode ter uma arma nuclear", numa fase que classificou como perigosa e que não deve dar lugar a um agravamento do conflito.
Do mesmo modo, a alta-representante da União Europeia para a Política Externa e Política de Segurança, Kaja Kallas, reiterou pelo seu lado que a escalada regional da violência não beneficia ninguém.
Antes desta reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano descreveu hoje a ofensiva militar israelita como "uma traição" ao processo diplomático com os Estados Unidos, numa intervenção no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.
A Casa Branca indicou na quinta-feira que o Irão tem capacidade para criar uma bomba nuclear em 15 dias se o líder supremo, Ali Khamenei, der a ordem, mas o Presidente norte-americano ainda não tomou nenhuma decisão sobre a participação de Washington no conflito, ao lado de Israel.
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