Os chefes de Governo e de Estado da UE reúnem-se em Bruxelas a partir das 11:00 (hora local, menos uma hora em Lisboa) naquela que é a terceira reunião ordinária presidida pelo atual presidente do Conselho Europeu, António Costa, sendo à semelhança das anteriores muito marcada pela atualidade geopolítica.
O encontro europeu de alto nível surge um dia depois da cimeira da NATO, em Haia, que terminou com os 32 aliados da Aliança Atlântica a assumirem o compromisso de gastarem, até 2035, 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em despesas militares tradicionais (forças armadas, equipamento e treino) e 1,5% do PIB adicionais em infraestruturas de cibersegurança, prontidão e resiliência estratégica, um acréscimo face ao atual objetivo de 2%.
No terça-feira em Haia foi salientado o apoio inequívoco dos aliados à Ucrânia com contribuições diretas para a sua defesa e, no dia seguinte, foi abordada a instabilidade no Médio Oriente, no seguimento do anúncio do Presidente norte-americano, Donald Trump, de um cessar-fogo entre Israel e o Irão.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, esteve em Haia na terça-feira, mas hoje, na reunião dos líderes da UE em Bruxelas, irá participar por videoconferência.
É esperado que os chefes de Governo e de Estado da União insistam num apoio à paz abrangente e duradoura na Ucrânia, enviando uma "mensagem clara" de apoio face ao progresso do país no processo de adesão ao bloco comunitário, após ter obtido o estatuto de candidato em meados de 2022.
É igualmente expectável que seja salientada a necessidade de reforçar a pressão sob o regime russo, com um novo pacote de sanções à Rússia, o 18.º, embora a Hungria continue a opor-se em termos gerais à ajuda canalizada para a Ucrânia e não deva subscrever as conclusões relacionadas com Kiev.
Os líderes da UE vão também apelar à contenção das tensões no Médio Oriente, que têm vindo a intensificar-se devido à recente escalada militar entre Israel e o Irão e à deterioração da situação humanitária na Faixa de Gaza pela ofensiva israelita.
Um documento da diplomacia comunitária, discutido na segunda-feira pelos ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco europeu, admite indícios que Israel terá violado o acordo de associação com a UE, especificamente o artigo 2.º, sobre obrigações de respeitar os direitos humanos, com as suas ações em Gaza.
Esse relatório será discutido pelos líderes da UE, sendo que o ponto mais difícil da cimeira europeia deverá precisamente prender-se com estas conclusões. Alguns Estados-membros veem como "inaceitável o uso desproporcionado da força por parte de Israel" e querem ver isso refletido no texto, enquanto outros países se recusam a apontá-lo, segundo fontes diplomáticas ouvidas pela Lusa.
De acordo com o mais recente rascunho das conclusões deste Conselho Europeu, texto que terá ainda de ser aprovado, os líderes da UE vão destacar "a catastrófica situação humanitária em Gaza e os últimos desenvolvimentos no que respeita ao Irão".
Portugal está representado na reunião pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.
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