"Tivemos a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), que vamos chamar o braço técnico da UNESCO: fez a avaliação do dossiê que fizemos, fez visita de campo, confirmou tudo, e deu um parecer positivo à indicação do parque como Património Mundial, estamos bastante otimistas", disse à Lusa o administrador do Parque Nacional de Maputo, Miguel Gonçalves.
O Parque Nacional de Maputo é um dos cinco locais indicados com "excecional potencial" para o estatuto de Património Mundial pela IUCN, decisão que será tomada pela UNESCO entre 11 e 13 de julho, durante a 47.ª sessão do organismo, conforme indica a programação do evento.
Numa nota de 02 de junho, a IUCN, consultora oficial sobre natureza do comité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), refere que, se o comité intergovernamental seguir o seu conselho na 47.ª reunião, em Paris, "paisagens incríveis, marinhas e áreas de rica geodiversidade e biodiversidade" receberão esse estatuto.
Em declarações à Lusa, o administrador do parque disse que a provável elevação do estatuto vai mudar a "visibilidade do parque", um lugar a ser apresentado ao mundo "como património da humanidade por ser único", com "valores universais" defendidos pela UNESCO.
"Acima de tudo, muda a visibilidade, queremos acreditar e esperamos que possa melhorar e aumentar o número de visitantes, de turistas, e caminharmos de forma mais consolidada para a sustentabilidade financeira do parque, com todas as consequências para a indústria do turismo e para o desenvolvimento das comunidades", disse Miguel Gonçalves.
O Parque de Maputo está ligado ao parque das Zonas Húmidas iSimangaliso, na África do Sul, que já tem estatuto de património mundial.
Com a eventual elevação da parte moçambicana ao estatuto de Património Mundial da humanidade, as duas partes vão avançar com conversações para encontrar uma nova forma de gestão, com a preocupação principal na movimentação das espécies.
"Caso se concretize, vai ser criado um comité conjunto e um plano operativo conjunto [com a África do Sul]. A gestão é individual de cada país, mas terá que haver coordenação em conjunto" para se "manter o valor" de ambos os parques, disse o administrador.
"É criado este comité onde vamos sentar e discutir abordagens na gestão diária, que vai de acordo com a realidade de cada país e de acordo com a legislação de cada país, sendo que a única coisa que temos que garantir é aquilo que indicámos à UNESCO: que os valores universais se mantêm intactos", acrescentou Gonçalves.
A história da proteção ambiental a sul da capital moçambicana começou em 1932, então numa pequena área de caça, em que o elefante era das principais presas. Em 1969, a importância da biodiversidade local levou à classificação da área como Reserva Especial de Maputo.
A reação ao declínio provocado pela guerra civil que se seguiu à independência, recebeu o seu principal impulso em 2006 com assinatura de um memorando de entendimento entre o Governo e a Peace Parks Foundation.
Em resultado dessa cooperação, o Parque Nacional de Maputo não tem parado de crescer desde 2010, beneficiando de vários programas de reintrodução e translocação de espécies.
Aí têm o seu habitat as emblemáticas girafas e elefantes, que se passeiam habitualmente junto à estrada Nacional 1 (N1), mas o Parque Nacional de Maputo combina as vertentes de "mar e terra", numa área total de 1.718 quilómetros quadrados.
Oficialmente, foi criado em 07 de dezembro de 2021, juntando duas áreas protegidas contíguas, a Reserva Especial de Maputo (1.040 quilómetros quadrados na componente terrestre) e a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro (678 quilómetros quadrados).
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