Um menino de quatro anos morreu, este domingo, devido a complicações associadas à desnutrição, denunciou o Hospital dos Mártires de Al Aqsa, em Gaza. Razan Abu Zaher é a quarta criança a morrer de desnutrição no enclave palestiniano nas últimas 48 horas.
Além de Razan Abu Zaher, o Ministério da Saúde de Gaza registou, no sábado, as mortes de Yahya Fadi al-Najjar, de três meses, assim como de Sana al-Laham, de 18 meses, e de Jawad al-Anqar, de 35 dias, noticiou a agência EFE.
O diretor da unidade responsável pela contagem de óbitos assegurou que "os números estão a aumentar", tendo calculado que cerca de 70 pessoas morreram de desnutrição nos 22 meses de escalada do conflito, a maioria das quais crianças.
Entre março e junho, os diagnósticos de desnutrição duplicaram nas clínicas da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), o que, de acordo com o organismo, está diretamente relacionado com o bloqueio alimentar imposto por Israel, que esteve em vigor de 2 de março a 18 de maio. Aliás, entre 16 e 30 de junho, 10.638 crianças foram examinadas pela UNRWA e mais de 8,5% tinha sinais de desnutrição.
Muitos bebés nascem prematuramente devido à desnutrição das mães, que também são incapazes de amamentar. A maioria dos palestinianos subsiste numa dieta à base de arroz ou de pão, quando consegue ter acesso a estes alimentos.
É que, saliente-se, a UNRWA denunciou, este domingo, que as autoridades israelitas "estão a matar à fome" a população de Gaza, havendo "uma afluência sem precedentes" de pessoas com desnutrição extrema aos hospitais, "em estado de esgotamento e perda de mobilidade devido à fome prolongada".
O organismo, que garantiu ter alimentos suficientes para nutrir os 2,1 milhões de habitantes de Gaza durante mais de três meses, apelou a que o bloqueio alimentar fosse levantado, na rede social X (Twitter).
"As autoridades israelitas estão a matar à fome os civis em Gaza. Entre eles há um milhão de crianças. Levantem o bloqueio: permitam que a UNRWA faca chegar alimentos e medicamentos", lê-se.
Os poucos camiões da ONU que entraram no enclave desde março - a maioria transportando farinha - foram saqueados ou não conseguiram distribuir os alimentos em segurança.
Desde o final de maio, Israel tem forçado a distribuição de ajuda através de complexos militarizados em Rafah, onde mais de 900 palestinianos foram mortos pelas tropas ou esmagados no último mês e meio, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Os pontos de distribuição têm o tamanho de campos de futebol, estão rodeados de postos de segurança, arame farpado e montes, e a única entrada é através de uma vedação.
As paletes de comida são colocadas no chão e os palestinianos têm de correr para apanhá-las. Contudo, é usual as tropas israelitas dispararem contra a multidão. Israel argumenta que quer impedir que a distribuição de ajuda seja controlada pelo Hamas.
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