A Uber diz que encontrou mais de cem casos em que passageiros alegam ter sido assediados ou agredidos sexualmente em viagens que nunca existiram (ou que não há provas de que tenham existido).
A empresa apelou ao juiz federal Charles Breyer, que ordenasse que 21 queixosos com recibos suspeitos justificassem porque é que as suas reivindicações não deveriam ser indeferidas, e que os outros 90 sem provas as apresentassem ou fornecessem razões "não padronizadas" para a sua ausência.
A situação aconteceu após ser apresentada uma ação judicial esta quarta-feira, em São Francisco, nos Estados Unidos.
Uber alega que há faturas fabricadas
A Uber diz que algumas das faturas apresentadas como provas dos queixosos parecem ter sido geradas através de sites de terceiros (e não da Uber). Alguns continham erros de matemática ou taxas adicionais falsas; outros mudaram o nome de condutoras para o de condutores, marcavam horas anteriores à da viagem ou simplesmente usavam um formato diferente das faturas enviadas pela Uber.
A empresa diz que um dos queixosos submeteu duas faturas distintas pela mesma viagem e que outros dois apresentaram versões diferentes da mesma fatura.
"Nada é mais importante para a integridade do nosso sistema judicial do que a honestidade", afirmou a Uber, citada pela Reuters. "É difícil conceber um ato de má conduta mais grave do que a fabricação descarada de provas, que os queixosos aqui fizeram", acrescentou a empresa.
Advogadas preocupadas com o foco da Uber na documentação
Pelo menos 11 firmas de advogados representam os diferentes queixosos, segundo os documentos judiciais consultados pela Reuters. Nenhuma foi acusada de qualquer delito.
"Levamos todas as acusações muito a sério e estamos a analisar as últimas reivindicações da Uber", disseram as advogadas que lideram o processo federal em nome dos queixosos, numa declaração conjunta.
Acrescentaram ainda que a Uber tem conhecimento de que algumas vítimas de agressão sexual não têm provas porque outras pessoas pediram a viagem. Disseram ainda que é "muito preocupante" o foco da Uber na documentação, quando existe um risco elevado de agressão dos passageiros por parte dos motoristas da empresa.
A Uber está a tentar reduzir a sua responsabilidade num litígio federal, que tomou proporções nacionais, e que envolve mais de 2.450 processos por alegada má conduta dos motoristas. Para além destes, acrescem ainda centenas de outros processos no Tribunal Superior de São Francisco.
A Uber defende que não deve ser responsabilizada por condutas criminosas dos motoristas e que as verificações de antecedentes que faz aos condutores são suficientes.
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