"A militância antidiplomática dessas forças de extrema-direita que atuam junto à Casa Branca teve conhecimento da minha fala, agiu junto a alguns assessores, e a reunião virtual que seria na quarta-feira foi desmarcada", disse Fernando Haddad em entrevista à Globonews.
O ministro brasileiro afirmou que há uma força política que está a exercer uma "espécie de antidiplomacia", tentando desfazer os esforços do Governo brasileiro para negociar a tarifa de 50% sobre algumas importações brasileiras imposta pelos Estados Unidos.
Haddad contou que após manifestar a intenção de se reunir com Scott Bessent, o deputado de extrema-direita Eduardo Bolsonaro disse publicamente que tentaria "inibir esse tipo de contacto entre os dois governos" e que, após a declaração do filho do ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, o encontro, previsto para ocorrer virtualmente na quarta-feira, foi cancelado.
"Não tem como não ligar uma coisa à outra. Não tem coincidência", respondeu Haddad, que também esclareceu que, com esse episódio, ficou claro que "a questão comercial não é o foco" das taxas impostas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, contra produtos brasileiros.
Haddad afirmou que o Governo dos Estados Unidos alegou problemas de agendamento e não sugeriu novas datas para reagendar a reunião.
O deputado Eduardo Bolsonaro está nos EUA desde fevereiro, fazendo uma campanha para que Washington imponha sanções contra autoridades brasileiras e reunindo apoio para o pai, que responde no mais mais alto tribunal do Brasil por uma suposta tentativa de golpe de Estado.
O imposto adicional de 50% sobre produtos comprados pelos Estados Unidos com origem brasileira, que entrou em vigor na semana passada, afeta 36% das importações do Brasil, incluindo carne bovina e café, por exemplo.
Trump excluiu da tarifa uma lista de quase 700 produtos que representam 45% das importações do Brasil e aos quais continuará sendo aplicada a quota mínima de 10% anunciada em abril para a maioria dos países.
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