Um tribunal de recurso do Estado de Nova Iorque considerou, em decisão hoje divulgada, "excessiva" a multa multimilionária imposta em 2024, e que esta viola a 8ª emenda da Constituição norte-americana, que proíbe sentenças desproporcionais.
A Procuradora-Geral do Estado, Letitia James, anunciou de imediato que irá recorrer da decisão, salientando que o tribunal de recurso confirmou que Trump e dois dos seus filhos, também arguidos no caso, eram de facto "responsáveis por fraude".
Recorrendo a um dos termos que mais usa nos vários casos judiciais em que é visado, Trump qualificou de "caça às bruxas política" a condenação por fraude em Nova Iorque.
"Tudo o que fiz foi absolutamente CORRETO e até PERFEITO", publicou na plataforma Truth Social, num longo texto em que visa James, o juiz e todos os procedimentos judiciais que levaram à sua condenação no ano passado, em plena campanha eleitoral.
Aproveitou também para fazer referência aos outros casos de que é alvo e juízes "corruptos" a que estão entregues.
Em 2023, após uma ação judicial interposta pelo Ministério Público de Nova Iorque liderado por James, Trump e os seus filhos Donald Jr. e Eric foram considerados culpados de fraude recorrente na Trump Organization, por inflacionar os ativos da empresa na década de 2010.
Os ativos sobreavaliados incluíram os seus arranha-céus, hotéis de luxo e campos de golfe em todo o mundo.
O objetivo era obter empréstimos bancários mais favoráveis e melhores condições de seguro.
Trump e os seus filhos alegaram erros contabilísticos simples, cometidos de boa-fé.
O juiz Arthur Engoron decidiu que a família Trump, a sua empresa e dois sócios eram responsáveis por fraude ao longo de anos e ordenou o cancelamento das suas licenças de operação no estado, resolvendo a principal acusação do caso e pondo em risco os rendimentos da família.
Além da multa que lhe foi aplicada em fevereiro de 2024, Trump e os filhos ficaram também banidos de cargos de gestão empresarial durante três anos.
Trump, então pré-candidato republicano a um segundo mandato presidencial, criticou no julgamento o sistema de justiça que alegava estar nas mãos dos democratas do ex-Presidente Joe Biden, procurando fundamentar motivações políticas no caso.
O julgamento foi marcado pela postura altiva e desafiante de Trump, que criticou frequentemente o processo em declarações à imprensa à porta do tribunal, tendo sido repreendido várias vezes pelo juiz Arthur Engoron.
Donald Jr. recorreu à rede social X para qualificar a decisão de hoje como uma "Vitória Enorme!!!".
"Sempre foi uma caça às bruxas, uma interferência eleitoral e uma completa farsa da justiça... e até um tribunal de recurso de Nova Iorque, de tendência progressista, concorda!", exultou o filho mais velho de Trump.
O conselheiro comercial de Trump, Peter Navarro, foi mais longe e atacou a procuradora-geral, dizendo que o lugar de James deveria ser "na cadeia".
"Os democratas realmente exageraram desta vez porque pensaram que podiam afastar Donald Trump", afirmou aos jornalistas.
No início do mês, o Departamento de Justiça abriu uma investigação à procuradora-geral de Nova Iorque, visando determinar se James e a sua equipa abusaram da autoridade e violaram os direitos legais de Trump ao processá-lo, assim como às suas empresas, noticiou a imprensa norte-americana.
Citado pelo The New York Times, o advogado de James, Abbe Lowell, afirmou que a investigação é "o exemplo mais descarado e desesperado da campanha de retaliação política do Presidente".
Desde que Trump regressou à Casa Branca, James e outros procuradores democratas processaram o seu governo várias vezes pelas suas políticas em questões de imigração, direitos civis e outras.
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