Ghislaine Maxwell, a ex-namorada de longa data do condenado (e falecido) abusador de menores Jeffrey Epstein afirmou em julho deste ano que o parceiro não tinha nenhuma "lista de clientes" e que nunca viu o presidente dos Estados Unidos ter qualquer comportamento impróprio.
A entrevista aconteceu a 24 e 25 de julho e foi conduzida pelo procurador-geral adjunto Todd Blanche (que chegou a ser o advogado de Donald Trump), mas as transcrições só foram publicadas na sexta-feira.
Nas declarações, Maxwell garantiu que não teve conhecimento de nenhuma ‘lista de clientes’, onde muitos desconfiam que está não só o nome do presidente dos Estados Unidos, mas também de muitas outras figuras emblemáticas mundiais, tanto do mundo cultural como do mundo político.
Ghislaine Maxwell rejeita que exista a suposta lista, mas deixa a ressalva de que Epstein era um homem muito privado.
"Ele guardava muito as coisas para si e não gostava de partilhar", disse a ex-socialite britânica de 63 anos. "Ele não era de partilhar. Pelo menos, não comigo".
Sobre Donald Trump, Maxwell disse, citada pela Reuters, que "nunca presenciou o presidente [Trump] em qualquer situação imprópria" e que nunca foi "inapropriado com ninguém".
"Naquilo que me diz respeito, o presidente Trump sempre foi muito cordial e muito simpático comigo", afirmou Maxwell. "E eu só quero dizer que admiro o seu feito extraordinário em chegar agora à presidência", acrescentou.
Trump e Epstein foram amigos durante os anos 90
Donald Trump e Jeffrey Epstein foram amigos durante os anos 90 e até ao início dos anos 2000, altura em que terão tido uma divergência e seguiram caminhos diferentes.
Contudo, pelo menos, durante uma década, Trump foi uma presença assídua nas festas de Epstein na ilha privada do mesmo, onde o predador sexual cometia os crimes.
Segundo a acusação, que veio a provar-se verdadeira aos olhos da justiça, Jeffrey Epstein atraía menores para a ilha, oferecendo-lhes dinheiro a troco de massagens, que se tomariam proporções sexuais. Algumas menores terão sido ‘enviadas’ a alguns amigos de Epstein - algo que nunca veio a comprovar-se formalmente.
Ghislaine Maxwell terá ajudado o esquema em diversos casos, segundo relatos das vítimas.
E defendeu, nesta mesma entrevista, que Trump nunca foi um destes amigos de Epstein e que nunca viu o presidente dos Estados Unidos a receber uma destas massagens.
Contudo, há muitos que suspeitam que Trump possa estar envolvido, e usam o facto de o Departamento de Justiça dos Estados Unidos ter negado a publicação de todos os ficheiros relativos ao caso Epstein como um argumento para esta teoria. A partilha dos documentos era uma das promessas de campanha do presidente.
Ex-namorada de Epstein foi condenada, mas mantém que está inocente
A entrevista de Maxwell a Blanche foi dada sob a condição de que qualquer declaração que a pudesse incriminar não poderia ser usada para um novo processo. Contudo, a justiça pode avançar caso seja detetada alguma mentira nas afirmações de Maxwell.
A ex-namorada de Epstein foi acusada de perjúrio em 2016, por mentir sobre o conhecimento que tinha sobre o comportamento de Epstein. A acusação acabou por cair quando Maxwell foi condenada por tráfico sexual em 2021.
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