Ministro diz que atual "crise do eixo transatlântico" não é irreversível

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, defendeu hoje que a Europa vive hoje "uma oportunidade única" com a atual "crise do eixo transatlântico", com a presidência norte-americana de Donald Trump, que considerou não ser irreversível.

Paulo Rangel, MNE, Ministro dos Negócios Estrangeiros,

© IAKOVOS HATZISTAVROU/AFP via Getty Images

Lusa
11/06/2025 22:46 ‧ ontem por Lusa

País

Paulo Rangel

"A Europa tem neste momento uma oportunidade única, porque a crise geopolítica é uma crise nova, a crise do eixo transatlântico, a criação de uma incerteza, de uma imprevisibilidade naquilo que era dado como uma certeza absoluta", afirmou hoje Paulo Rangel, na conferência '40 Anos de Portugal na União Europeia: O Legado de Mário Soares e os Desafios do Futuro', na Feira do Livro.

 

"Este choque afeta-nos", salientou o governante, apontando a vocação atlântica de Portugal, que, acrescentou, "precisa de um aliado atlântico".

Na opinião de Paulo Rangel, a atual crise, depois da crise da II Guerra Mundial, "é realmente a maior porque põe em causa justamente os pressupostos em que Portugal sempre definiu a sua política externa".

O chefe da diplomacia portuguesa defendeu no entanto que esta crise "não é necessariamente irreversível" e que "é possível reduzir alguns dos danos que podem aparecer numa primeira leitura mais precipitada".

"É por isso que nós temos uma posição muito construtiva de diálogo com os Estados Unidos e que o fomentamos dentro da União Europeia", disse.

Esta crise, considerou, "vai obrigar a União Europeia a defender o avanço na segurança e Defesa".

"Isso sim, é claramente um sonho de Mário Soares e corresponde àquilo que não tenho dúvidas que ele gostaria e que, no fundo, é um bocadinho aquela ideia da Comunidade Europeia de Defesa que estava lá, nos primórdios, e que foi rejeitada".

Por outro lado, defendeu, a UE precisa de uma "muito maior autonomia estratégica" nos domínios energético e da segurança alimentar.

Razões por que subscreve o alargamento aos países de Leste, "que são mais atlantistas do que países do centro da Europa", além de a Ucrânia ser "um dos celeiros do mundo", o que permitiria a "autonomia alimentar" da UE.

Sobre o papel de Mário Soares, primeiro como ministro dos Negócios Estrangeiros e depois como primeiro-ministro e mais tarde como Presidente da República, na adesão de Portugal às então Comunidades Europeias, Rangel destacou a "grande intuição" do histórico socialista de que "a consolidação da democracia passa pela integração europeia".

Rangel considerou no entanto "profundamente injusto e falso" que "se reduza a entrada de Portugal ao doutor Mário Soares, e o próprio não o faria".

O ministro recordou o papel de figuras como Sá Carneiro, Lucas Pires, Medeiros Ferreira ou Freitas do Amaral para salientar que Mário Soares "não esteve sozinho, esteve orgulhosamente acompanhado por muita gente, sem a qual ele não podia ter feito o que fez".

Leia Também: Rangel reitera meta de 2% em Defesa este ano e reconhece "esforço grande"

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