Estas entidades, que se encarregam da formação e recrutamento de profissionais de salvamento, estimam ter, este ano, cerca de 700 nadadores-salvadores a trabalharem nos areais dos municípios de Espinho, Vila Nova de Gaia, Porto, Matosinhos, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo e Caminha.
Grande parte do dispositivo já está assegurado e com escalas definidas, mas em alguns concelhos, nomeadamente Esposende, distrito de Braga, e Caminha, distrito de Viana do Castelo, ainda não há certezas de que haja nadadores-salvadores suficientes.
"Em Esposende, onde há 14 postos de praia, três deles assegurados pela câmara, será muito difícil a época balnear arrancar com normalidade. Até ao momento, julgo que não haverá elementos para todas as praias", disse à Lusa Rui Cardoso, da associação Coordenada Decimal, com sede em Viana do Castelo.
O responsável fala num contexto semelhante, "embora um pouco melhor em termos de efetivos", para as praias de Caminha, onde a autarquia assegura a vigilância em cinco zonas não concessionadas, recorrendo aos serviços da associação.
Mais estável está a situação no concelho de Viana do Castelo, onde existe um protocolo com a Câmara Municipal e a associação, que permite um planeamento adiantado.
"Somos competitivos nas remunerações que pagamos aos nossos nadadores-salvadores, mas estes nunca são suficientes. Tentamos colmatar com outras pessoas disponíveis no país, por exemplo, em Braga, onde há muitos jovens que estão dispostos a mobilizar-se", disse Rui Cardoso.
Mais a sul, na Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Matosinhos e Porto, é a associação Os Golfinhos que gere a formação e recrutamento dos nadadores-salvadores, com Carlos Ferreira a garantir que tudo está pronto em termos de efetivos.
"Temos 450 a 500 nadadores-salvadores para estes concelhos com uma excelente articulação com as câmaras o que é fundamental. O plano está completo e pronto para ser implementado nas praias no arranque da época balnear", disse o líder da associação.
O responsável pelos Os Golfinhos partilha exemplos que ajudam a atrair inefetivos, com nas autarquias da Póvoa de Varzim e Vila do Conde que ressarcem os nadadores-salvadores dos custos do curso de formação, caso estes optem por trabalhar nas praias locais.
"Com esse incentivo, e os valores das remunerações, temos conseguido atrair os jovens para a atividade. Além disso, fazemos ações nas escolas que promovem a atividade", explicou.
Nas praias de Vila Nova de Gaia, com um das zonas costeiras mais extensas do país, também existe um protocolo entre a associação de nadadores-salvadores Summer Priority e a autarquia, que ajuda a que o efetivo esteja pronto, com mais de 90 nadadores, 55 deles em permanência.
"Não temos sentido dificuldade, graças à melhoria das condições e remuneração. Há uns anos, um nadador-salvador ganhava 600 euros a trabalhar todos os dias, neste momento é mais do dobro. Isso atrai", explicou Frederico Rosa.
O presidente da Summer Priority reconheceu, ainda assim, que a tarefa de recrutamento não é fácil, e deixou uma sugestão para cativar mais jovens para a atividade.
"Fazer escalas em junho é difícil, pois muitos destes jovens são estudantes universitários com exames. Como é um trabalho de três meses, não conseguem ter o estatuto de trabalhador-estudante e aceder a uma época especial de exames. É algo que a parte política deve rever", partilhou.
Em Espinho, e também Ovar, o recrutamento e formação são feitos pela associação Safetynor, onde Álvaro Brandão supervisiona o processo, lamentando o menor envolvimento das autarquias em relação a outros concelhos.
"Já temos todas as escalas preenchidas. É um trabalho contínuo para garantir uma equipa estável. Era desejável maior apoio das câmaras", desabafou.
O responsável diz que a segurança das praias devia "ser uma tarefa dos municípios", mas lamenta que nem sempre haja o reconhecimento do trabalho da associação, que terá cerca de 50 nadadores-salvadores diariamente nas praias dos dois concelhos.
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