Da forma física à aptidão militar. O que era preciso para entrar no MAL?

Sabe-se agora que o agente da PSP que pertence ao Movimento Armilar Lusitano (MAL) seria o responsável pelas entrevistas presenciais de recrutamento para entrar no grupo neonazi. Bruno Gonçalves, que estava como chefe da Polícia Municipal de Lisboa, está atualmente em prisão preventiva.

balas, armas, munições

© Reuters

Notícias ao Minuto
20/06/2025 09:47 ‧ há 7 horas por Notícias ao Minuto

País

MAL

O agente da PSP que pertence ao Movimento Armilar Lusitano (MAL), e que ficou em prisão preventiva na última quarta-feira, seria o responsável pelas entrevistas presenciais de recrutamento para entrar no grupo neonazi.

 

Em meados de 2021, o grupo começou a recrutar novos membros, tendo o polícia e um motorista de pesados - dois dos três fundadores - recorrido a canais como o 'Telegram' e o 'Signal' para criar conversas e espalhar a mensagem.

Os candidatos tinham de preencher boletins com informações pessoais, responder a questionários online e comparecer a entrevistas presenciais conduzidas pelo chefe da PSP, Bruno Gonçalves, um dos seis detidos pela Polícia.

Recorde-se que o agente, que antes de ser detido na terça-feira estava na Polícia Municipal de Lisboa, é um dos três fundadores do grupo neonazi, criado em 2018. Os outros dois fundadores são um motorista de pesados, que também foi detido na terça-feira, e uma segurança da área privada. 

Currículo militar ou nas forças de segurança era valorizado

Segundo o Ministério Público (MP), foram selecionados centenas de candidatos que se inscreviam através do preenchimento de boletins que continham dados como a constituição física, profissão, aptidão militar. Nesta seleção, eram privilegiados candidatos com conhecimentos em manuseamento de armas, os que fossem militares, agentes das forças de segurança ou do ramo da segurança privada.

O motorista de pesados, Bruno Carrilho, teria a função de avaliar as fichas dos candidatos e o agente da PSP, Bruno Gonçalves, teria a pasta das entrevistas presenciais. Caso a avaliação fosse positiva, acrescenta o MP, os candidatos eram adicionados em canais privados.

Assim, e graças à ideologia nacionalista e de incitamento ao ódio e violência contra imigrantes, o movimento depressa cativou elementos de grupos de extrema-direita como os 'Gárgulas de Portugal', 'Soldiers of Odin', 'Nova Ordem Portuguesa' e 'Nova Ordem Social', fundada por Mário Machado. Porém, escreve o Jornal de Notícias, nem todos eram admitidos, uma vez que os candidatos eram rigorosamente escrutinados antes de serem integrados no movimento.

Com estas ações, estes dois arguidos terão conseguido criar células autónomas em vários pontos do país, de norte a sul, e passaram a comprar materiais e equipamentos para conseguirem fabricar armas em 3D.

Esta organização incentivava, lê-se ainda no documento, à aquisição de armas e ao treino tático de tiro. O objetivo era o de, acredita o MP, difundir a rejeição pelas instituições estatais, através a eventual eliminação do estado de direito democrático.

PJ deteve seis, quatro ficaram em preventiva

A Polícia Judiciária deteve na terça-feira seis suspeitos de pertencerem ao MAL, tendo quatro ficado em prisão preventiva, depois de presentes a juiz de instrução para aplicação das medidas de coação.

Quatro dos arguidos estão agora indiciados pelos crimes de infrações relacionadas com grupo terrorista, cuja pena de prisão vai dos 8 aos 15 anos, e por infração terrorista. Todos os seis arguidos estão indiciados por detenção de arma proibida.

No âmbito da operação 'Desarme 3D', foi apreendido material explosivo de vários tipos, várias armas de fogo, algumas das quais produzidas através de impressão 3D, várias impressoras 3D, várias dezenas de munições, várias armas brancas e material informático, entre outros elementos de prova.

Preventiva para 4 dos 6 detidos ligados a grupo neonazi (incluindo PSP)

Preventiva para 4 dos 6 detidos ligados a grupo neonazi (incluindo PSP)

Quatro dos seis neonazis do Movimento Armilar Lusitano detidos pela PJ na terça-feira ficaram em prisão preventiva, a medida de coação mais gravosa. O chefe da PSP que está entre os detidos também é um dos visados com esta medida de coação.

Cátia Carmo | 18:21 - 18/06/2025

Quem era Bruno Gonçalves?

O MAL foi criado, em 2018, pelo polícia Bruno Gonçalves, pelo ex-emigrante Bruno Carrilho e por um vigilante, com o objetivo de "formar um movimento político apoiado numa milícia armada para enfrentar as ameaças" a Portugal e aos portugueses.

O chefe da PSP envolvido, atualmente em prisão preventiva, estava em comissão de serviço na Polícia Municipal de Lisboa e foi identificado como sendo um dos membros do Movimento Armilar Lusitano.

Terá sido transferido para a Polícia Municipal precisamente pelas ligações ao movimento de extrema-direita.

De acordo com a PJ, o Movimento Armilar Lusitano pretendia constituir-se como um movimento político apoiado numa milícia armada.

Os membros do grupo neonazi usavam canais fechados nas redes sociais, como o Telegram. Atualmente estariam até a planear invadir a Assembleia da República, segundo o semanário Expresso, que cita fontes ligadas ao processo.

O objetivo deste plano era tornar o MAL num movimento político, apoiado por um grupo paramilitar. Para isso, de acordo com a PJ, "estavam a armar-se" e a "recrutar pessoas" para garantirem que tinham "capacidade de treino tática para uma ação" de larga escala.

Leia Também: Chefe da PSP seria responsável por recrutamento para grupo neonazi

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