Um bebé nasceu numa ambulância dos Bombeiros Voluntários do Concelho da Moita, enquanto o veículo de emergência seguia na A2, a caminho de Setúbal, na manhã de sexta-feira.
“A vida não espera. Hoje [sexta-feira], pelas 10h40, uma mãe e um filho cujo nome permanecerão discretamente em anonimato (a pedido da própria) encontraram-se olhos nos olhos pela primeira vez, na A2, a caminho de Setúbal, sob os cuidados dos bombeiros Hugo Rodrigues e de Jorge Ribeiro”, anunciaram os Bombeiros Voluntários do Concelho da Moita, na rede social Facebook.
A corporação deu ainda conta de que a mulher, a criança e os operacionais “encontram-se bem”, mas deixou um alerta: “Hoje foi um dia bom. Porque a vida, essa não quer saber de contingências de urgências obstétricas fechadas. E não espera.”
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses avisou, também na sexta-feira, que as corporações de bombeiros estão atualmente a braços com problemas de gestão devido aos constrangimentos nas urgências, tendo estimado que já tenham nascido em ambulâncias pelo menos 38 bebés só este ano.
António Nunes indicou que as saídas de emergência costumavam estar circunscritas ao distrito, o que já não acontece. Nessa linha, as operações chegam a demorar mais de três horas.
O responsável salientou que esta situação não acontece só no distrito de Setúbal, onde os casos de constrangimentos nas urgências são mais graves, mas também noutros pontos do país. Lembrou, inclusive, que a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Macedo de Cavaleiros transportou uma grávida até Braga, na semana passada, ao mesmo tempo que apontou ser frequente que os doentes dos distritos da Guarda e de Viseu tenham de ser levados para Coimbra.
De recordar que, em abril, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, considerou ser preciso garantir que nasçam menos bebés em ambulâncias, ainda que tenha ressalvado que sempre houve situações semelhantes.
"O objetivo é que nasçam cada vez menos bebés em ambulâncias, sobretudo através de gravidezes bem vigiadas. Se há uma área onde nos distinguimos nos últimos 45 anos é na área maternoinfantil e por isso o que temos é de conseguir garantir que esses indicadores se mantenham", disse, no final de uma visita ao Hospital de Santa Cruz, integrado na Unidade Local de Saúde de Lisboa Ocidental.
Questionada concretamente quanto ao crescente número de partos realizados em ambulâncias e quanto aos dados que apontavam para a ocorrência de meia centena de nascimentos nestes veículos de socorro, no ano passado, Ana Paula Martins replicou que este fenómeno sempre aconteceu e sempre vai acontecer, uma vez que não é possível evitar em algumas circunstâncias.
"Mas naturalmente que não é de forma alguma o nosso objetivo", disse.
Leia Também: Do parto inesperado à morte do bebé. A cronologia do caso de Mirandela