"Estão a comercializar barracas a dois mil e três mil euros cada cinco metros quadrados, com garantia de luz e água", disse Ricardo Leão, numa cimeira organizada pela SIC Notícias, apontando que entre março e julho "quadriplicou o número" de habitações precárias no Talude Militar.
Questionado pelos jornalistas da SIC Notícias sobre que "teia criminosa" é essa, Ricardo Leão adiantou: "É uma só pessoa, que está identificada, que tem lá uma barraca também."
O autarca considerou o caso "muito grave", o que levou à apresentação de queixa. "Isso é que é indigno", considerou, lamentando que as pessoas tenham caído "nessa ilusão".
Ao mesmo tempo, Ricardo Leão acusou o movimento Vida Justa de "prejudicar as pessoas" do Talude, "proibindo-as de falarem" com os técnicos da autarquia.
"O Vida Justa está a manipular estas famílias", apontou, garantindo que a autarquia anda "desde março a falar com todas as pessoas" do Talude Militar, onde o movimento cívico tem apoiado os moradores, nomeadamente angariando donativos.
"Tinha que se estancar um problema", vincou Ricardo Leão, recordando que neste mandato já fez "250 demolições".
O problema "não é de agora", vincou, falando numa situação "incontrolável" e em que se generalizou "a ideia de que em Loures podem construir" habitações ilegalmente.
Ricardo Leão referiu ainda que perto de metade dos moradores do Talude Militar são de fora do concelho -- o que tem sido contestado pelas associações no terreno.
A câmara "assegura todo o apoio social para [os moradores que ficaram sem teto] não dormirem na rua" e "oferece dormida para todos", garantiu ainda, "com toda a frontalidade", que essas pessoas "dormem [ao relento] porque querem".
Questionado sobre as críticas que membros do Partido Socialista lhe têm dirigido na sequência da demolição de habitações no Talude Militar, Ricardo Leão disse que não comenta comentários.
À pergunta sobre se já pensou em mudar de partido, reagiu assim: "Nem pensar nisso."
E garantiu: "A matriz socialista está aqui, em combater a indignidade das pessoas."
Quanto ao facto de ter respondido com "um abraço", nas suas redes sociais oficiais, a comentários racistas em relação aos moradores do Talude Militar, Ricardo Leão assumiu que foi "um erro da empresa que gere a página" e garantiu que "obviamente" não deu indicações naquele sentido.
"Até eu fiquei triste e revoltado", disse.
O autarca adiantou ter pedido em março uma reunião ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, estando ainda à espera de uma data.
[Notícia atualizada às 22h34]
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