Paços de Ferreira. Uma localidade e um clube de futebol que vivem em tristeza profunda pela morte de um dos maiores 'embaixadores', como é o caso de Diogo Jota, de 28 anos. O avançado do Liverpool e o irmão André Silva, de 25 anos, do Penafiel, sofreram um acidente de viação fatal na zona de Zamora, em Espanha, na madrugada de quinta-feira.
O despiste levou a que o automóvel, um Lamborghini Huracán, acabasse por se incendiar perto do quilómetro 65 da autoestrada A52, perto de Palacios de Sanabria, sentido Benavente. Alegadamente, o acidente poderá ter sido causado por um dos pneus da viatura ter rebentado.
As vítimas encontravam-se a caminho de Liverpool, dado que Diogo Jota foi aconselhado a deslocar-se de automóvel, em vez de avião, em função da mais recente intervenção cirúrgica ao pulmão a que foi submetido, já depois da conquista de Portugal na Liga das Nações. O plano passava por chegar a Santander, em Espanha, partindo num barco com destino a Portsmouth, num percurso de cerca de 30 horas.
Em declarações exclusivas ao Desporto ao Minuto, Paulo Meneses recorda o "filho da terra". "O Diogo chegou ao Paços de Ferreira para representar a equipa sub-19. O princípio da humildade e o objetivo de vencer na vida fizeram com que fosse promovido ao plantel principal, sendo uma das principais figuras", começou por dizer o antigo presidente do Paços de Ferreira, que viu de perto a ascensão do internacional português.
"Em 2015/16, o Diogo 'explodiu' a nível de rendimento (14 golos em 35 partidas) e mostrou-me a sua verdadeira essência como pessoa. Em janeiro, um clube grande do futebol português fez uma proposta, mas ele recusou. Chegou ao pé de mim e disse: 'Presidente, vamos esperar pelo final da temporada, porque vai ser bom. Vamos todos ganhar dinheiro'. Eu concordei, sabendo que era um decisão arriscada. No entanto, essa frieza, essa ponderação na tomada de decisão, fez-me entender que estava perante alguém diferente, com objetivos a longo prazo e não pelo prazer imediato", vinca.
Em 2016, Diogo Jota rumou ao Atlético de Madrid, tendo ainda representado o FC Porto, Wolverhampton e o Liverpool na carreira. Paulo Meneses demonstra a sua satisfação pelo facto de os principais holofotes do futebol europeu não terem deslumbrado o antigo 'pupilo'.
"Nunca deixou de ser a mesma pessoa. Ele manteve uma ligação com as pessoas e com o clube. Sempre que nascia um filho/a, ele enviava-me um fotografia da criança. Em 2018/19, fez questão de marcar presença fisicamente no jogo de campeão da II Liga, então com o já falecido Vítor Oliveira no comando técnico. Estes gestos dizem muito sobre quem era o Diogo Jota. Não consigo descrever por palavras o que significa a morte do Diogo. É uma enorme brutalidade, sem qualquer tipo de preparação. Doí-me muito esta crueldade."
Rui Abreu, atual presidente do Paços de Ferreira, também demonstrou a sua consternação pela notícia: "Trata-se de um enorme choque. Foram dois atletas que jogaram nesta casa, embora o Diogo tivesse maior mediatismo. Sempre que estavam de férias, eles vinham ter connosco. Encarnavam os valores do Paços de Ferreira, assentes na humildade, no árduo trabalho. Mais do que o nível desportivo, o lado humano era o que sobressaía nos irmãos", afirmou ao Desporto ao Minuto.
Fruto da sua passagem pela equipa principal, Diogo Jota será alvo de homenagem: "Era algo que já tínhamos em mente. Nós temos um mural, onde destacamos as figuras históricas do clube e o nome dele vai lá estar. Vou também propor aos sócios a possibilidade de uma das bancadas ter o nome de 'Diogo Jota'", completou Rui Abreu.
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