O poste Neemias Queta é a incontornável grande figura da seleção portuguesa de basquetebol que vai disputar o Eurobasket2025 e o selecionador luso, Mário Gomes, admite-o, falando de "uma ajuda grande para a equipa".
Devido a um convénio entre FIBA e NBA, para que os jogadores se juntem às equipas "28 dias antes do início da competição", o campeão pelos Boston Celtics em 2023/24 será o último a chegar aos trabalhos, que arrancaram na segunda-feira.
"Já sei que é possível que estes 28 dias não sejam 28, sejam menos um ou dois, que para nós faz uma diferença grande. Vamos ver quando é que ele chega e, quando chegar, integrá-lo o mais rapidamente e o melhor possível", garantiu à Lusa Mário Gomes.
Certo é que Portugal "conta, obviamente, com o Neemias", que, "mesmo não estando cá desde o princípio, é uma ajuda grande para a equipa, eleva o nível, não só por ser o jogador que é, mas também por ser a pessoa que é" e porque, sendo um "jogador de equipa", é alguém que "faz parte do grupo mesmo não estando cá".
"O ideal seria tê-lo já, mas, não o tendo já, espero poder tê-lo no dia 30, mas já estou a ver que ele é capaz de só vir depois disso. Não consigo dar uma resposta concreta porque é um processo que não controlo", detalhou o selecionador nacional.
Na fase de apuramento, Neemias Queta só participou em dois jogos, que são as suas duas únicas internacionalizações pela seleção principal, tendo somado 'duplos duplos' em ambos -- 20 pontos e 10 ressaltos na Roménia, em 25 de agosto de 2022, e, três dias depois, 17 pontos e 13 ressaltos com o Chipre.
"Se a presença dele muda muito? Muda, muda", reconheceu Mário Gomes, explicando: "Não vamos mudar a nossa filosofia de jogo. Agora, uma coisa é ter um poste com 2,13 metros, que pode jogar acima do nível do aro, e outro é não ter".
Portugal não tem outro Neemias: "Neste momento, não temos nenhum jogador com as características do Neemias. Desde logo, do ponto de vista defensivo, pode mudar de imediato algumas coisas. Permite-nos poder fazer outro tipo de defesas, permite-nos poder arriscar mais longe do cesto, porque sabemos que temos um guarda-redes a proteger-nos".
"No ataque, vamos, obviamente, ter coisas preparadas para ele. Essa é a nossa filosofia, essa é a minha filosofia, é aproveitar as características de um Neemias, naquilo que é o processo coletivo normal da equipa. Obviamente que ele vai ajudar-nos também do ponto de vista ofensivo", frisou
Em resumo, e "não mudando aquilo que é a forma de jogar da equipa", esta tem de "aproveitar um jogador com as características dele", que "traz coisas" que Portugal não tem.
Quanto ao resto do elenco, já em preparação, Miguel Queiroz e Diogo Brito não estiveram em pleno no primeiro treino, mas não padecem de "nada de especial".
O grupo não seguirá, porém, todo para a fase final, porque estarão 15 em estágio, com Neemias, e a FIBA só permite 12 na fase final: "Não percebo essa limitação, é algo que não consigo perceber, mas as regras são essas e não adianta estar a reclamar, porque são reclamações que nunca são ouvidas".
"Portanto, a ideia é que, pelo menos até os jogos em Espanha, vão estar os 15 e depois, nessa altura, vamos ver se sairá um ou dois jogadores, depende do estado físico em que se encontrem a generalidade dos jogadores. E, depois, a ideia é só definir os 12 finais mesmo no fim da preparação", disse à Lusa.
Quando aos adversários, é algo que "não preocupa muito nesta altura, porque independentemente de quem estiver do outro lado", a receita é clara: "Nós temos que pensar mais em nós".
"Se olharmos para o ranking, somos a equipa que está mais abaixo, portanto, no papel, somos o 'underdog'. Temos de pensar fundamentalmente em nós e ter claro o que é que temos de fazer para poder competir, porque só competindo é que se pode depois pensar em ganhar", frisou.
Quanto a objetivos, e depois do "resultado anormal", pela positiva, que foi o nono lugar de 2007 e das cinco derrotas de 2011, nas duas últimas participações, depois da estreia em 1951, Mário Gomes promete uma equipa preparada para a fase final.
"Esta seleção tem uma coisa que é a nossa principal força, que é a química do grupo, a química entre eles, entre nós todos, mas particularmente entre os jogadores. E isso pode fazer a diferença nos momentos decisivos", garantiu, lembrando que, para isso, é preciso chegar a esses instantes "com os jogos equilibrados".
Para isso, será preciso muito trabalho: "Não nos podemos esquecer é que o nosso basquetebol tem o nível que tem. Há quem acredite em milagres, eu não faço parte desse grupo".
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