África Austral é "linha da frente" da competição entre EUA e China

A consultora Oxford Economics considera que a África Austral, que inclui Angola e Moçambique, é a "linha da frente da competição global por recursos naturais", com os Estados Unidos da América e a China a disputarem influência.

Mapa, África,

© Shutterstock

Lusa
12/07/2025 08:16 ‧ há 4 horas por Lusa

Economia

África

Num comentário à 17.ª Cimeira de Negócios Estados Unidos da América-África, realizada em junho em Luanda, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas dizem que "a luta pelo poder entre os EUA e a China em África ganhou dimensão depois de Pequim ter anunciado a intenção de remover todas as tarifas sobre 53 países africanos".

 

"Esta rivalidade entre os EUA e a China elevou a importância geopolítica da África Austral, tornando a região na linha da frente da competição global por recursos naturais", escrevem os analistas do departamento africano desta consultora britânica.

Os EUA, por outro lado, "estão a aumentar a sua presença através da Parceria de Segurança dos Minerais e têm direcionado o financiamento de investimentos para infraestruturas com o objetivo de equilibrar o domínio chinês, como por exemplo no corredor do Lobito", dizem os analistas.

A grande diferença de atuação das duas potências económicas em África está, argumentam, no tipo de abordagem: "a China ganhou uma pegada significativa através de investimentos de longo prazo em estradas, caminhos de ferro e infraestruturas de energia", enquanto a postura dos EUA "é mais focada e transacional".

Neste sentido, o corredor do Lobito "é uma alternativa atrativa às atuais rotas de transporte, que obrigam os condutores de camiões a superarem estradas esburacadas e esperar dias a fio nas filas, por vezes superiores a 50 quilómetros, até à alfândega".

O corredor do Lobito, que liga o porto angolano do Lobito, em Benguela, à Republica Democrática do Congo (RDCongo), é operado por um consórcio europeu composto pela Trafigura, Mota-Engil e Vecturis, numa concessão de 30 anos com o governo angolano, e é considerado um eixo estratégico para escoar minerais, facilitar as exportações e promover a agroindústria.

A infraestrutura abrange o porto do Lobito, o Caminho de Ferro de Benguela (CFB) e os terminais logísticos ao longo da linha ferroviária de mais de 1.300 quilómetros, que liga o litoral angolano à RDCongo, passando pelas províncias de Benguela, Huambo, Bié, Moxico e Moxico-Leste.

Em junho, à margem da cimeira EUA-África, o Fundo Soberano de Angola (FSDEA) e o empresário israelita Haim Taib anunciaram o lançamento de uma plataforma para mobilizar mil milhões de dólares para projetos no Corredor do Lobito, com um investimento inicial de 100 milhões de dólares.

A Plataforma de Desenvolvimento e Investimento do Corredor do Lobito (LCID Platform) vai funcionar como uma estrutura independente para acelerar investimentos em setores considerados catalisadores de desenvolvimento, incluindo agricultura, infraestruturas, saúde, indústria, educação e inclusão digital.

"Com uma redução projetada dos custos de transporte até 40% e um aumento do comércio intra-SADC [Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral] de até 40%, o Corredor do Lobito tornar-se-á uma das artérias económicas mais estratégicas de África," afirmou o presidente do FSDEA, Armando Manuel, citado num comunicado da empresa no final de junho.

O empresário revelou ainda que decorrem negociações avançadas para que a Zâmbia integre a plataforma, alargando o alcance da iniciativa para lá das fronteiras de Angola e da RDCongo, para ligar, a longo prazo, o porto moçambicano da Beira, no Oceano Índico, ao Atlântico, atravessando África de leste a oeste.

Leia Também: Moçambique confirma primeiros três casos do atual surto de mpox

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