Sindicato da CGD denuncia condições "degradantes", mas banco "estranha"

O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD denunciou hoje que os profissionais enfrentam condições "cada vez mais degradantes" apesar de o banco continuar a registar lucros, posição que o banco público "estranha".

Caixa Geral de Depósitos (CGD)

© Luis Boza/NurPhoto via Getty Images

Lusa
01/08/2025 16:18 ‧ ontem por Lusa

Economia

CGD

As críticas do sindicato (STEC) foram tornadas públicas num comunicado emitido hoje, dois dias depois de a Caixa Geral de Depósitos (CGD) ter divulgado os resultados do primeiro semestre do ano e revelado que, de janeiro a junho, obteve um lucro de 893 milhões de euros, uma melhoria de quatro milhões de euros em relação ao mesmo período do ano passado.

 

Para o sindicato, o esforço dos trabalhadores traduziu-se "numa demonstração de resultados em crescendo, com o aumento do volume de negócios, mas com os custos com pessoal a reduzirem-se cada vez mais".

O STEC faz críticas à gestão do banco público, afirmando existir uma "política continuada de medo e perseguição interna, que apenas visa camuflar a incomportável redução de quadros".

De acordo com o sindicato, "a 'Caixa é dourada' nos lucros, mas de latão nas condições de trabalho que pratica".

"Na CGD, contrariamente aos lucros em alta, está em baixa o poder de compra, o ânimo e o alento de quem trabalha na empresa, confrontando-se com cada vez mais degradantes condições de trabalho", critica o STEC, elencando seis situações que considera representarem a degradação a que se refere.

O sindicato refere existirem "exigências e uma pressão louca no dia-a-dia", "objetivos irrealistas", "mais tarefas e mais normas a cumprir, com elevado risco operacional decorrente dos ritmos de trabalho, potenciando processos disciplinares".

Ao mesmo tempo, afirma existirem "ameaças diretas e veladas juntamente com as práticas de assédio crescentes", "baixas psicológicas e o aumento do 'burnout' em todas as faixas etárias", bem como "constantes atropelos a direitos fundamentais, entre eles os da parentalidade".

Contactada pela Lusa sobre as seis situações críticas referidas pelo sindicato, a gestão da CGD alega que os trabalhadores estão satisfeitos e diz-se empenhada em assegurar um bom ambiente de trabalho.

"A Caixa estranha a posição do STEC nesta matéria, porque o que os colaboradores revelam no estudo de saúde organizacional, que promovemos com regularidade, é que estão satisfeitos a trabalhar na Caixa", reagiu fonte oficial da CGD, em resposta à Lusa.

Para o afirmar, o banco público invoca os resultados do último estudo, que decorreu de 28 de abril a 09 de maio deste ano, e que contou com uma participação de "69% dos colaboradores".

Do estudo de saúde organizacional de 2025, da responsabilidade de uma entidade externa à Caixa, resultou 84% de satisfação dos colaboradores, sendo o melhor resultado de todos os inquéritos realizados até hoje", respondeu fonte oficial do banco, explicando que os estudos "são confidenciais e representam uma oportunidade para os colaboradores partilharem a sua visão sobre como é trabalhar na Caixa, os desafios que encontram no seu dia a dia, expetativas e oportunidades de melhoria".

No comunicado de hoje, o sindicato refere que "o dia a dia de quem trabalha na CGD está desumanizado" e lança um desafio à administração liderada por Paulo Macedo, para que ouça "os trabalhadores, investindo na melhoria das condições de trabalho e no clima social".

Na resposta à Lusa, exercendo o contraditório ao comunicado do STEC, fonte oficial da CGD afirma querer assegurar "um ambiente de trabalho motivador e produtivo, que assegure as melhores condições de trabalho e o melhor serviço ao cliente".

O sindicato também se dirige ao Governo de Luís Montenegro no comunicado de hoje.

O STEC afirma que, estando o banco a entregar dividendos ao Estado, o executivo de Luís Montenegro não pode "demitir-se da sua supervisão interna e externa, esquecendo-se dos trabalhadores da CGD, como no caso dos quatro anos de carreira congelados ainda por regularizar".

Leia Também: CGD usa 46% da quota que tem na garantia pública para crédito à habitação

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