Afastada da televisão há 13 anos, Joana Figueira regressou hoje, dia 1 de agosto, ao pequeno ecrã, para uma conversa com Cláudio Ramos no programa 'Dois às 10', a quem abriu o coração para falar sobre a fase particularmente difícil por que está passar.
Em 2022, a reconhecida atriz foi viver para o Alentejo, na aldeia natal dos pais, de maneira a cuidar da mãe, diagnosticada com demência.
Durante este período, Joana sofreu um esgotamento, do qual ainda se encontra a recuperar.
"Eu não estou bem. Até é bom que falemos sobre isto para desmistificar um bocadinho que as pessoas deprimidas têm de estar sempre a chorar, com uma cara carrancuda… Não, de todo. Às vezes, as pessoas que mais riem são as que podem estar em pior estado", realça.
"Eu não estou bem. Passei por um processo muito complicado. Naquela altura [enquanto cuidava da mãe a tempo inteiro, inicialmente] não pude (…) viver tudo aquilo que deveria, porque nós não devemos recusar as nossas emoções, fazemos mal quando mandamos as coisas para trás das costas e depois mais tarde elas aparecem de outra forma", reconhece.
"Não pude ficar triste, não pude ficar revoltada. Não pude ficar nada, porque tive de me manter firme e hirta para puder cuidar da minha mãe, porque se me fosse abaixo, as coisas não correriam bem, certamente", completou.
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Com a mãe a ser cuidada num lar e com o pai numa idade já avançada, Joana Figueira começou a aperceber-se de que está a ficar sozinha, explicando o porquê.
"Aquilo que eu assumo é que já não tenho mãe, apesar dela estar. Não desisto nunca dela, porque a minha mãe pode não me reconhecer em determinados momentos, mas eu sei que ela é minha mãe. Agora, o papel enquanto mãe já não existe. Pai, também posso dizer que já não será uma pessoa muito presente desse ponto de vista enquanto pai", explica.
"Isto pode parecer um pouco estranho, mas eu desisti de ter família. Chamo família ao meu pai e à minha mãe, não somos obrigados a gostar dos nossos familiares, de todo, e portanto não quero ter esse vínculo com mais ninguém" disse ainda.
"Ou seja, como já não considero que os tenha, sim, às vezes sinto-me um bocadinho sozinha, por muito que os meus amigos me digam que estão ali. No fundo é a tua base, estás a desligar-te de qualquer coisa", completa
Preocupação com a sociedade atual
Se por um lado, Joana Figueira lida com os seus problemas a nível pessoal, por outro, também não consegue ficar indiferente aos dramas da atualidade, aproveitando para destacar a situação da Palestina.
"Aquilo que estamos a viver neste momento preocupa-me horrores. Estamos a viver tempos muito feios. Há uma forma de estar na vida que não se coaduna nada com a minha forma de ser e estar na vida que é a maldade. Custa-me horrores presenciar aquilo que as crianças estão a passar na Palestina, como é que possível estar a acontecer neste século. É impossível estar bem com estes problemas", reflete.
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Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém, deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral. Poderá ainda contactar uma destas entidades (todos estes contactos garantem anonimato tanto a quem liga como a quem atende):
Atendimento psicossocial da Câmara Municipal de Lisboa
800 916 800 (24h/dia)
SOS Voz Amiga - Linha de apoio emocional e prevenção ao suicídio
800 100 441 (entre as 15h30 e 00h30, número gratuito)
213 544 545 - 912 802 669 - 963 524 660 (entre as 16h e as 00h00)
Conversa Amiga
808 237 327 (entre as 15h e as 22h, número gratuito)
210 027 159
SOS Estudante - Linha de apoio emocional e prevenção ao suicídio
239 484 020 - 915246060 - 969554545 (entre as 20h e a 1h)
Telefone da Esperança
222 080 707 (entre as 20h e as 23h)
Telefone da Amizade
228 323 535 | 222 080 707 (entre as 16h e as 23h)
Aconselhamento Psicológico do SNS 24 - No SNS24, o contacto é assumido por profissionais de saúde
808 24 24 24 selecionar depois opção 4 (24h/dia)
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