'Pecado Original' revela como círculo íntimo de Biden escondeu declínio

Os jornalistas norte-americanos Jake Tapper e Alex Thompson descrevem ao pormenor no livro 'Pecado Original' como o círculo íntimo de Joe Biden escondeu do mundo o declínio mental e físico do ex-presidente dos Estados Unidos, incentivando-o à recandidatura.

Joe Biden Los Angeles

© Leigh Vogel/UPI/Bloomberg via Getty Images

Lusa
08/06/2025 08:21 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

Joe Biden

Quando os democratas ainda tentam perceber como é que perderam as presidenciais de novembro para Donald Trump, os autores argumentam que a resposta está na forma como os conselheiros mais próximos de Biden, assim com a família do ex-presidente, tentaram mantê-lo no poder contra todas as evidências de incapacidade, minando as possibilidades de outro candidato conseguir preparar-se atempadamente para o confronto com Trump.

 

"A nossa única agenda é apresentar a realidade perturbadora do que aconteceu na Casa Branca e na campanha presidencial democrata em 2023-2024, tal como nos foi contado por aproximadamente duzentas pessoas, incluindo legisladores e membros da Casa Branca e da campanha, alguns dos quais podem nunca reconhecer que falaram connosco, mas todos sabem a verdade contida nestas páginas", explicaram Tapper - pivô da CNN Internacional - e Thompson - correspondente político do 'site' de notícias Axios.

As fontes do livro são democratas de "dentro e fora da Casa Branca", que admitiram um foco em convencer os eleitores de que Donald Trump era uma verdadeira ameaça existencial para a nação, acabando eles próprios "por fazer 'bluff', participando numa farsa que colocou a eleição diretamente nas mãos" do bilionário republicano.

A imagem da capa é um retrato a preto e branco de Joe Biden com um par de mãos a tapar-lhe os olhos, num livro repleto de casos em que o chefe de Estado não foi capaz de se lembrar dos nomes dos seus principais conselheiros, assessores, membros do Governo ou amigos próximos.

O que o público via - um Presidente exausto e envelhecido, que ia acumulando quedas e declarações incoerentes - era preocupante, mas o que acontecia a portas fechadas era pior, diz a obra.

Embora Biden pudesse certamente tomar decisões, havia várias questões significativas que dificultavam a sua Presidência, como um limite de horas em que poderia "funcionar de forma confiável" sem acusar cansaço físico.

Face a essa deterioração evidente, foi um pequeno e fechado grupo - chamado de "politburo" - que passou a comandar a Casa Branca e a tomar algumas "decisões finais", enquanto a saúde e a função cognitiva de Biden continuavam a piorar, ainda de acordo com os autores.

Esse grupo incluía um conjunto de veteranos políticos experientes, como Mike Donilon, Steve Ricchetti ou Bruce Reed, mas também membros da família, como a primeira-dama, Jill Biden, e o filho do Presidente, Hunter.

"Cinco pessoas governavam o país e Joe Biden era, na melhor das hipóteses, um membro sénior do Conselho", disse aos jornalistas uma pessoa familiarizada com essa dinâmica interna.

"Nunca vi uma situação como essa antes, com tão poucas pessoas a terem tanto poder. Eles tomaram enormes decisões económicas sem sequer falarem com a secretária do Tesouro", afirmou, por sua vez, um secretário de gabinete.

Além do poder que exerciam, também eram responsáveis por maquilhar a maioria das declarações e aparições públicas do Presidente, que passaram a tornar-se eventos rigidamente controlados.

Doadores do Partido Democrata e políticos foram ficando alarmados com o que viam, e procuravam uma atualização do estado cognitivo de Biden, mas foi-lhes assegurado que o Presidente estava bem e capaz de presidir o país por mais um mandato.

"Eu passo muito tempo com ele e ele não é assim", alegou o ex-assessor de Biden Mike Donilon, tentando tranquilizar os democratas que lhe ligaram em pânico após o debate de junho.

Porém, na realidade, a equipa de Biden já equacionava o uso de cadeira de rodas na rotina do ex-chefe de Estado; reduzia ao máximo a sua agenda de trabalho, restringindo os assuntos urgentes ao horário entre as 10 e as 16 horas; os discursos eram breves para que Biden não passasse muito tempo em pé; e alguns dos seus vídeos eram gravados "em câmera lenta para disfarçar a realidade do quão devagar realmente caminhava".

Biden só viria a abandonar a ambição de reeleição e a declarar apoio à sua vice-presidente, Kamala Harris - constantemente marginalizada pela equipa do chefe de Estado -, no final de julho último, a cerca de três meses das eleições presidenciais.

Mesmo na véspera de Biden tomar a decisão de abandonar a corrida eleitoral, alguns membros do "politburo" ainda tentaram demovê-lo da ideia.

"Até ao último dia da sua presidência, Joe Biden e aqueles no seu círculo mais próximo recusaram-se a admitir a realidade de que a sua energia, habilidades cognitivas e capacidade de comunicação haviam diminuído significativamente. Pior ainda, por vários meios, tentaram esconder isso", escreveram os autores.

Mas não é apenas sobre o núcleo íntimo do Presidente que recaem as acusações de Jake Tapper e Alex Thompson.

Os jornalistas não pouparam o próprio Joe Biden, de quem partiu a decisão final de concorrer à reeleição e que negou sempre qualquer declínio relacionado com a sua idade.

E esse foi o 'Pecado Original' de Biden, disseram os autores, avaliando o ex-presidente como alguém movido pelo narcisismo a ponto de "cegueira".

Dois dias antes do lançamento deste livro, no mês passado, o gabinete do ex-presidente anunciou que Biden foi diagnosticado com cancro de próstata avançado, com metástases ósseas.

Leia Também: Saúde de Biden? Democratas estavam chocados com declínio, revela livro

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas