Custo de desfile militar mostra "prioridades questionáveis" de Trump

O analista e historiador Bruno Cardoso Reis considerou que o elevado custo do desfile militar encomendado por Donald Trump, estimado em até 45 milhões de dólares (39,4 milhões de euros), evidencia as "prioridades questionáveis" do Presidente norte-americano.

Desfile militar nos EUA,

© Reuters

Lusa
15/06/2025 07:25 ‧ há 11 horas por Lusa

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Em declarações à Lusa em Washington, onde decorreu um grande desfile militar para assinalar os 250 anos do Exército norte-americano, Bruno Cardoso Reis apontou que o evento chega num momento em que milhares de funcionários públicos foram despedidos pelo Governo de Donald Trump com o objetivo de reduzir os gastos federais, levando a questionamentos e críticas acerca das despesas com o desfile.

 

"Eu diria que são prioridades questionáveis. A defesa de Donald Trump e do próprio Exército diz bem que são os 250 anos do Exército, e que 45 milhões de dólares no orçamento da Defesa é um gasto ínfimo, (...) mas a verdade é que, neste contexto, realmente é uma opção que é muito questionada, sobretudo, obviamente, pelos críticos de Donald Trump", disse.

"Também em relação a isto temos alguma polarização. A última sondagem que vi, que saiu na sexta-feira, dava conta de que 60% dos americanos acham que é um gasto excessivo, neste contexto. Apenas 30%, que podemos dizer que são os apoiantes mais fervorosos de Donald Trump, é que acham que realmente 45 milhões num desfile é um bom investimento", acrescentou o historiador.

O custo estimado para este desfile oscila entre os 25 milhões e os 45 milhões de dólares (entre os 21,9 milhões e 39,4 milhões de euros), segundo um porta-voz do Exército.

Esse valor inclui o custo de reparação das ruas de Washington após a passagem de tanques de várias toneladas, que deverá rondar os 16 milhões de dólares (14 milhões de euros).

Mais de duas dúzias de tanques de batalha M1 Abrams deverão passar por Washington, sendo que cada um pode pesar 60 toneladas ou mais.

Para proteger as ruas desses veículos pesados, o Corpo de Engenheiros do Exército está a instalar grandes placas de metal em partes do percurso do desfile.

Bruno Cardoso Reis, que é especialista em segurança internacional e também professor visitante na Universidade de Georgetown, em Washington DC, indicou à Lusa que ao longo dos últimos dias tem ouvido várias preocupações dos moradores da capital norte-americana, nomeadamente com a elevada presença militar na cidade.

Os residentes temem ver em Washington o mesmo que está a acontecer em Los Angeles, para onde Trump enviou a Guarda Nacional para conter a violência nas manifestações contra a sua política migratória, apesar da oposição das autoridades locais,

"Tenho ouvido uma preocupação, algo surpreendente, que é em relação à possibilidade das tropas virem para ficar. Ou seja, no fundo, um pouco no modelo do que está a acontecer na Califórnia. As pessoas perguntam: 'se temos a Guarda Nacional na Califórnia a patrulhar as ruas, será que vamos ter também tropas aqui na capital federal de forma mais permanente?'", contou à Lusa o analista, sobre as conversas que tem ouvido dos moradores.

Contudo, Cardoso Reis frisa que o Exército deu garantias de que não é essa a intenção, e, portanto, que as tropas e restantes meios militares se retirarão no final do evento.

No entanto, "isto revela também algum alarme, sobretudo das pessoas que são mais críticas da atual Presidência e que veem Donald Trump como alguém excessivamente exposto a testar todo o tipo de limites, a pôr em causa todo o tipo de pesos e contrapesos, normas tradicionais de limitação do poder da Presidência, inclusive em questões como enviar tropas para a rua, como vimos na Califórnia", observou.

Tanques, camiões e artilharia pesada estão neste momento na capital, para um evento que conta com 6.600 soldados, 150 veículos e 50 aeronaves.

Pelo menos oito bandas militares, unidades de cavalaria, sobrevoos de aviões de guerra antigos e contemporâneos e saltos de paraquedas são ainda alguns dos atrativos do desfile, que percorre as ruas desde o Pentágono até ao Monumento de Washington.

O desfile tem duração prevista de aproximadamente 90 minutos e está dividido em eras: Guerra da Independência, Guerra Civil, Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Guerra da Coreia, Guerra do Vietname, Guerra do Golfo, Guerra Global contra o Terror, o Exército moderno e o futuro.

Ao mesmo tempo, manifestantes foram às ruas de todo o país, no que os organizadores esperam ser o maior protesto anti-Trump desde o início do Governo, empossado em janeiro último.

Intitulado 'No Kings' [Sem Reis, na tradução para português], o protesto resulta da união de mais 100 grupos de defesa da democracia.

Leia Também: Luso norte-americano: "Usamos 50 milhões para Trump festejar aniversário"

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