Estudantes de pós-graduação de Harvard aceitaram bolsas para continuar a fazer investigação na Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, após serem afetados pela proibição de entrada de estrangeiros em instituições norte-americanas, confirmou hoje a instituição.
Uma porta-voz da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (HKUST) disse ao jornal de Hong Kong South China Morning Post que os cinco estudantes, oriundos do Paquistão, da Geórgia e da China continental, receberam ofertas com apoio financeiro para desenvolver projetos nas áreas das ciências, tecnologia e humanidades.
Reconhecida internacionalmente pela excelência académica e posição estratégica como ponte entre a China e o mundo, a HKUST recebeu cerca de 200 manifestações de interesse de estudantes estrangeiros desde o anúncio das novas restrições nos Estados Unidos, consolidando-se como um possível refúgio académico face às limitações impostas por Washington.
Em maio, o Departamento de Segurança Interna dos EUA ordenou a saída ou transferência de estudantes internacionais de Harvard, alegando vínculos a estruturas associadas ao Partido Comunista Chinês.
A medida, impulsionada pela administração de Donald Trump, intensificou as tensões com a universidade de Massachusetts. No entanto, um tribunal federal suspendeu na segunda-feira a sua aplicação.
As universidades de Hong Kong agilizaram os processos de inscrição para acolher os alunos afetados, emitindo cartas de aceitação incondicional e criando equipas de apoio para tratar da transição, incluindo alojamento e vistos, de forma a facilitar a integração no sistema local.
A HKUST registou um número recorde de 20.000 candidaturas internacionais para o ano letivo de 2025-2026, face às 15.000 do ano anterior. Os candidatos provêm de 85 países, incluindo Alemanha, França, Cazaquistão, Mongólia e Vietname, disputando cerca de 800 vagas disponíveis.
O aumento de candidaturas reflete o crescente apelo de Hong Kong como polo académico, num contexto marcado por fricções geopolíticas.
A secretária da Educação de Hong Kong, Christine Choi, afirmou que o seu gabinete encorajou as instituições de ensino superior locais a facilitar a integração de estudantes afetados.
Em outubro de 2023, o Governo da região administrativa especial duplicou o limite de admissões internacionais nos estabelecimentos públicos para 40%, como parte de uma estratégia para posicionar Hong Kong como centro global de formação.
A Secretaria da Educação garantiu que continuará a acompanhar as necessidades dos estudantes afetados por políticas migratórias internacionais, enquanto a HKUST destacou ter sido a primeira instituição na região a formalizar a integração de alunos provenientes de Harvard.
Leia Também: Harvard autorizada por juíza a inscrever alunos internacionais