"Ninguém com um mínimo de dignidade humana pode aceitar esta crueldade, em que dezenas de pessoas inocentes morrem todos os dias porque não conseguem encontrar um pedaço de pão ou um gole de água", afirmou o chefe de Estado turco num discurso em Istambul.
Estas declarações do líder turco surgem no mesmo dia em que o diretor do hospital Al-Shifa, um dos maiores da Faixa de Gaza, afirmou que 21 crianças morreram de subnutrição e fome nas últimas 72 horas no enclave, avançando ainda que há 900 mil menores com fome na região.
Cerca de 90 mil mulheres e crianças necessitam de tratamento urgente para a subnutrição em Gaza, enquanto uma em cada três pessoas não come há dias, segundo o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM).
Durante quase três meses, Israel bloqueou completamente o acesso a qualquer mercadoria em Gaza, incluindo alimentos, medicamentos e combustível, agravando significativamente a crise humanitária que afeta a Faixa de Gaza.
Embora Israel tenha permitido novamente a entrada de camiões a 19 de maio, o acesso tem sido extremamente limitado e sujeito a um controverso sistema de distribuição que tem como base pontos de distribuição geridos pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma organização apoiada pelos Estados Unidos.
Esta distribuição é considerada por várias organizações não-governamentais (ONG) e pela ONU como insuficiente e tem sido marcada por episódios de desespero, caos e de violência por parte das forças israelitas. Mais de mil pessoas foram mortas e vários outros milhares sofreram ferimentos enquanto tentavam obter comida.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 59 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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