"Em Gaza, atualmente, não há fome causada por Israel", afirmou o porta-voz do executivo, David Mencer, depois de mais de 100 organizações não-governamentais (ONG) terem alertado para uma fome generalizada e instado Israel a desbloquear a ajuda humanitária.
"Trata-se de uma escassez causada pelo Hamas", acrescentou Mencer, acusando o movimento extremista palestiniano de impedir a distribuição de alimentos e de saquear a ajuda para as suas próprias necessidades.
Também hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita rejeitou o comunicado emitido pelas ONG, incluindo os Médicos Sem Fronteiras (MSF), a Save the Children e a Oxfam, acusando as organizações de servirem "a propaganda do Hamas".
Segundo argumenta o ministério israelita, cerca de 4.500 camiões com ajuda humanitária terão entrado em Gaza, sendo responsabilidade do "estrangulamento logístico" das Nações Unidas o facto de outros 700 camiões ainda não terem sido distribuídos e estarem retidos na fronteira.
Apesar desta versão, é Israel que neste momento controla e mantém fechadas à entrada intensiva de alimentos as passagens fronteiriças para Gaza, permitindo - de forma altamente restritiva - a distribuição de comida apenas em alguns complexos militarizados, justificando-se com a alegação de que o Hamas beneficia da ajuda que chega através dos comboios humanitários da ONU.
No comunicado, as organizações alertaram que a fome está a agravar-se em Gaza, referindo mesmo que os próprios trabalhadores humanitários "estão lentamente a morrer".
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, tutelado pelo Hamas, o total de mortes por subnutrição desde o início da guerra no enclave é de 101, incluindo 80 crianças.
A mesma fonte especificou que pelo menos 46 crianças morreram por fome e desnutrição desde o início de julho.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 59 mil mortos e incluiu a imposição de um bloqueio de bens essenciais a Gaza, como alimentos, água potável, medicação e combustível.
Apesar de ter recentemente permitido a distribuição de ajuda humanitária, a assistência é dada apenas por uma entidade controlada por Telavive, apoiada pelos Estados Unidos, e em locais específicos.
Essa distribuição é considerada por várias ONG e pela ONU como insuficiente e tem sido marcada por episódios de desespero, caos e de violência por parte das forças israelitas. Mais de mil pessoas foram mortas e vários outros milhares sofreram ferimentos enquanto tentavam obter comida.
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