Após crise diplomática, Tailândia e Camboja entram em confronto. Entenda

Dois incidentes recentes reacenderam o conflito de longa data sobre o traçado da fronteira de mais de 800 quilómetros. Enquanto a Tailândia defende uma solução bilateral para o conflito, Phnom Penh encaminhou a disputa para o Tribunal Internacional de Justiça.

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Tomásia Sousa com Lusa
24/07/2025 08:48 ‧ há 2 dias por Tomásia Sousa com Lusa

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Tailândia

Após semanas de tensão, os exércitos da Tailândia e do Camboja entraram hoje em confronto numa zona fronteiriça disputada, um dia depois de um soldado tailandês ter perdido a perna direita ao pisar uma mina terrestre em território fronteiriço, em Ubon Ratchathani.

 

Este foi já o segundo incidente do género este mês, e levou a Tailândia a retirar o embaixador no Camboja e a expulsar o embaixador cambojano em Banguecoque.

As autoridades tailandesas responsabilizam o Camboja pela instalação de minas terrestres em território tailandês, o que, segundo Banguecoque, constitui uma violação da Convenção de Otava, acordo internacional que proíbe o uso, o armazenamento, a produção e a transferência de minas terrestres antipessoal, de acordo com a emissora pública Thai PBS.

Contudo, para entender a disputa, há que recuar um pouco mais. Banguecoque e Phnom Penh estão envolvidas numa disputa territorial de longa data na fronteira partilhada, que se intensificou desde o final de maio, quando um soldado khmer morreu num tiroteio numa zona conhecida como Triângulo Esmeralda, fronteira comum entre Camboja, Tailândia e Laos.

No dia seguinte ao tiroteio, os exércitos tailandês e cambojano concordaram em reduzir as tensões, mas Phnom Penh manteve tropas na zona, apesar dos pedidos de retirada de Banguecoque que decidiu, então, assumir o controlo da "abertura e encerramento" de todas as fronteiras com o Camboja, por considerar existir uma "ameaça à soberania e segurança da Tailândia", disseram, na altura, as autoridades tailandesas.

A decisão não afetou o comércio e os trabalhadores cambojanos continuavam autorizados a entrar na Tailândia.

Em junho, contudo, Banguecoque fechou temporariamente dois postos fronteiriços com o Camboja, na província tailandesa de Chanthaburi (leste), num contexto de tensões mútuas.

Enquanto a Tailândia defende uma solução bilateral para o conflito, Phnom Penh encaminhou a disputa para o Tribunal Internacional de Justiça, em junho.

Nove mortos e 14 feridos por ataques aéreos cambojanos

A Tailândia afirmou ter lançado ataques aéreos contra dois alvos militares no Camboja, enquanto os soldados cambojanos dispararam vários foguetes contra território tailandês.

Seis pessoas foram mortas num ataques perto de um posto de abastecimento de combustível na província de Sisaket (nordeste), duas na província de Surin (nordeste) e uma na província de Ubon Ratchathani (nordeste).

Tailândia lança ataques aéreos contra dois alvos militares no Cambodja

Tailândia lança ataques aéreos contra dois alvos militares no Cambodja

A Tailândia lançou hoje ataques aéreos contra dois alvos militares no Camboja, anunciou o exército tailandês, após confrontos entre as forças armadas dos dois países, que já fizeram pelo menos um morto.

Lusa | 07:09 - 24/07/2025

As autoridades tailandesas anunciaram hoje o encerramento total de todas as passagens fronteiriças terrestres com o Camboja, após confrontos entre os dois exércitos em várias áreas que separam estes países vizinhos.

O nível de segurança nas passagens fronteiriças foi elevado para o 4 - o máximo -, o que constitui um encerramento completo, disse, em conferência de imprensa o porta-voz do centro tailandês que monitoriza a situação na fronteira com o Camboja, o almirante Surasant Kongsiri.

"Dada a situação atual, é necessário que a Tailândia feche as barreiras nas passagens fronteiriças para proteger a nossa soberania, integridade territorial e a segurança das pessoas nas zonas fronteiriças", disse, na mesma ocasião, o porta-voz dos Negócios Estrangeiros do centro, Maratee Nalita.

Qual a origem do conflito?

O Camboja e a Tailândia estão em conflito há muito tempo sobre o traçado da fronteira de mais de 800 quilómetros, definida em grande parte por acordos celebrados durante a ocupação francesa da chamada Indochina, entre final do século XIX e meados do século XX.

Em 2011, confrontos em torno do templo Preah Vihear, classificado como património mundial pela Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e reivindicado por ambos os países, causaram pelo menos 28 mortos e dezenas de milhares de deslocados.

Embora em 2013, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), principal órgão jurisdicional da ONU, tenha atribuído ao Camboja a zona contestada abaixo do templo, o traçado de outras zonas continua a opor Banguecoque e Phnom Penh.

[Notícia atualizada às 10h30]

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