Depois de 40 anos em cativeiro na Argentina, Jorge, uma tartaruga-comum, está há três meses a 'regressar' a casa, estando esta sua aventura a ser monitorizada por vários especialistas.
O g1 escreve este domingo que, atualmente, a tartaruga se encontrava no Rio de Janeiro, tendo sido avistada na Baía de Guanabara, onde os pescadores estão todos em 'êxtase' pelo visitante, que nasceu nos anos 60.
A publicação conta que esta tartaruga, nascida na Bahia migrou para mares argentinos, onde foi encontrada presa, em 1984, numa rede de pesca.
Ferida, a tartaruga foi retirada da rede em que se encontrava na cidade portuária de Bahía Blanca, na Argentina, e foi levada para um aquário na cidade de Mendoza, onde ficou até 2022. O g1 recorda que na altura em que o animal foi resgatado, a reintrodução de animais marinhos no seu meio não era comum e, desta forma, ela acabou por ficar cerca de 40 anos em cativeiro.
"A decisão de devolvê-la ao mar foi tomada em 2022. Foram necessários três anos de readaptação", explicou Laura Prosdocime, uma investigadora do Museu Argentino de Ciências Naturais. Durante os últimos três anos Jorge acabou por ter de reaprender a comer alimentos naturais, nadar em grandes espaços e a interagir com outros animais marinhos.
A devolução de forma definitiva foi feita em abril no Mar del Plata, na Argentina, e desde então o animal tem seguido a sua vida e, tal como os investigadores esperavam, dirige-se de volta à Bahia.
"Ele passou pelo Uruguai e, como esperávamos, começou a rumar para a Bahia. Mas, no caminho, entrou na baía [Guanabara] e está agora na região da Ilha do Governador", contou Suzana Guimarães, coordenadora-geral do Projeto Aruanã, que atua na conservação das tartarugas marinhas.
Os pescadores têm estado também atentos e, ao g1, um pescador identificado como Tinguá, contou que a tartaruga é agora tema entre os colegas.
"Estão todos a querer tirar uma fotografia do Jorge. Às vezes, até se esquecem de pescar só pra ver se o encontram", brincou.
Segundo este homem, que pesca na zona de Itaoca, em São Gonçalo, os pescadores foram mesmo instruídos a dar informações acerca deste animal: "Temos um grupo de pesca com o telefone do pessoal do Projeto Aruanã. Se ele for encontrado, a gente avisa na hora. Todo mundo sabe que tem que proteger."
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