"Após a época chuvosa (...), ainda existem famílias que estão numa situação muito delicada e precisam de assistência (...). Estamos a falar de um universo de 50.000 famílias", disse hoje à comunicação social Aristides Armando, delegado do INGD em Sofala.
De acordo com o representante, atualmente, há cerca de 200 toneladas de alimentos "para responder às necessidades primárias" das populações assoladas pela crise alimentar causada, principalmente, pela seca, em sete distritos de Sofala.
Segundo o delegado do INGD, além do apoio alimentar, as famílias em crise vão beneficiar de sementes para que possam produzir alimentos.
"Obviamente, as 50.000 famílias não vão receber [o apoio] em simultâneo, mas é o nosso universo de resposta e vamos continuar a trabalhar com o mesmo", explicou.
Em março, a Lusa noticiou que a escassez de alimentos provocada pela seca está a levar milhares de famílias da província de Sofala, centro de Moçambique, a comer frutos silvestres e farelo.
"Estamos com esta situação desde novembro do ano passado. Uma vez que o nosso distrito foi severamente afetado pelo fenómeno 'El Niño', não tivemos outra alternativa, se não assistir estas famílias", explicou na altura Nobre dos Santos, administrador de Caia, a região mais atingida pela estiagem, com campos agrícolas quase sem produção.
O dirigente descreveu igualmente que a situação de fome, que afeta cerca de 600 mil pessoas, vive-se em quase todo o norte do distrito de Caia, com campos agrícolas quase sem produção, situação que se vem agravando há quase três anos.
"Sem como produzir para se alimentar a população, com a ajuda de alguns parceiros estamos a lutar para sanar esta situação junto das comunidades, distribuindo sementes qualificadas e resistentes à seca", acrescentou.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
O El Niño é uma alteração da dinâmica atmosférica causada por um aumento da temperatura oceânica. Este fenómeno meteorológico provocou este ano chuvas torrenciais na África oriental, com centenas de mortos em vários países, como Quénia, Burundi, Tanzânia, Somália e Etiópia.
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