O homem suspeito de ter agredido um homem de 68 anos, em Torre Pacheco, no passado dia 9 de julho, desencadeando violentos protestos na cidade do sul de Espanha, foi condenado, na sexta-feira, a um ano de prisão por tentar roubar um relógio a um octogenário dias antes.
Segundo o jornal espanhol El Mundo, o condenado, um jovem de origem magrebina, foi detido dois dias após a suposta agressão, em Errentería, no País Basco, quando tentava fugir para França.
Na sexta-feira, foi presente ao Tribunal Penal Número 1 de Cartagena, tendo prestado declarações por videoconferência a partir da prisão basca onde se encontra detido.
Acabou por ser condenado por um crime de roubo com violência, na forma tentada, e por um crime de agressão, após ter ficado provado que, por volta das 6h25 locais do dia 7 de julho passado, agarrou a vítima com força pelo braço com a intenção de lhe arrancar o relógio.
Segundo fontes judiciais, citadas pelo El Mundo, o jovem terá de pagar uma multa de 180 euros e indemnizar a vítima em 320 euros pelas lesões que lhe causou ao tentar tirar-lhe o relógio do pulso. Terá, ainda, de arcar com as custas judiciais.
O agressor foi reconhecido pela vítima “sem qualquer dúvida, tanto nas instalações da polícia como na audiência oral”.
Sublinhe-se que os distúrbios em Torre Pacheco surgiram depois de um homem de 68 anos, habitante da localidade, ter sido agredido por jovens - entre os quais se encontra o agora condenado - sem razão aparente.
Em declarações ao jornal El Pais, o homem agredido lamentou o aproveitamento que fizeram do seu caso grupos extremistas que nada têm a ver com a localidade e condenou o apelo de violência contra toda a comunidade local.
Segundo a Delegação do Governo de Espanha em Múrcia, foram identificadas mais de 300 pessoas em Torre Pacheco e 14 foram detidas pela polícia.
"Detetámos [na Internet] a organização de uma chamada 'caçada' [a imigrantes] para os dias 15, 16 e 17, o que permitiu antecipar um dispositivo policial de prevenção que conteve a situação", disse, na altura, Mariola Guevara, delegada do Governo de Espanha na região autónoma de Múrcia.
Entre os detidos estão os três suspeitos de estarem relacionados com a agressão ao homem de 68 anos que desencadeou os apelos racistas na Internet.
Outro dos detidos, um homem de 28 anos, é o autor das mensagens nas redes sociais Telegram e Instagram que apelaram para "uma caçada" a imigrantes em Torre Pacheco.
Este homem, líder em Espanha do grupo 'Deport them now' ('Deportem-nos já') é suspeito de crimes de incitação ao ódio, pertença a associação ilícita para cometer delitos discriminatórios e posse ilegal de armas, segundo um comunicado do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC), região onde reside e foi detido.
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