Nas imagens, publicadas na rede X, o ministro da Segurança Nacional e mais duas pessoas, incluindo um guarda prisional, permanecem de pé diante de Barghouti, encurralando-o num canto da cela.
"Vocês não vão vencer-nos. Quem fizer mal ao povo de Israel, quem matar crianças, quem matar mulheres (...) será apagado", afirmou em hebraico o ministro.
Barghouti, membro eleito do Conselho Legislativo Palestiniano e um dos líderes da Fatah, tenta então responder, mas o ministro interrompe-o: "Não, tem de saber disso, e ao longo de toda a história".
"Esta manhã [sexta-feira], li que vários altos responsáveis da Autoridade [Palestiniana] não gostaram muito do que disse ao terrorista-chefe Marwan Barghouti, que o seu nome seja apagado. Então vou repeti-lo, vezes sem conta, sem pedir desculpa: quem atacar o povo de Israel, quem matar as nossas crianças, quem matar as nossas mulheres, será apagado. Com a ajuda de Deus", acrescentou Ben Gvir, no comentário que acompanhou o vídeo.
אני קורא הבוקר שכל מיני "גורמים בכירים" ברשות לא כ"כ אהבו את מה שאמרתי לארכי מחבל מרואן ברגותי ימ"ש
— איתמר בן גביר (@itamarbengvir) August 15, 2025
אז אני אחזור על זה שוב ושוב בלי להתנצל - מי שיתעסק עם עם ישראל, מי שירצח לנו ילדים, מי שירצח לנו נשים, אנחנו נמחק אותו. בעזרת השם. pic.twitter.com/pp1BNqF58M
Barghouti, antigo dirigente da Fatah que defende uma solução política para o conflito israelo-palestiniano, está preso por Israel desde 2002. É frequentemente apontado como um possível sucessor do Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, apesar de estar detido.
Apelidado de "Mandela palestiniano" pelos seus apoiantes e tornado, ao longo dos anos, numa figura emblemática da causa palestiniana, foi condenado a prisão perpétua por homicídio, devido ao seu papel em vários atentados anti-israelitas durante a Segunda Intifada ("levantamento", em árabe), entre 2000 e 2005.
O vídeo divulgado pelo ministro não indica o nome da prisão onde Marwan Barghouti se encontra atualmente detido.
Contudo, segundo um elemento próximo do ministro, ouvido pela agência France-Presse (AFP) sob anonimato, o encontro aconteceu "por acaso" na prisão de Ganot, durante uma visita de inspeção de Ben Gvir. A fonte não especificou a data da gravação.
Num comunicado transmitido pela agência de notícias palestiniana Wafa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana, no poder na Cisjordânia, denunciou "uma provocação sem precedentes" e qualificou o incidente como "terrorismo de Estado organizado".
Para a Autoridade Palestiniana, o ministro Ben Gvir "invadiu" a cela de Barghouti.
A representação da Autoridade Palestiniana junto da ONU denunciou igualmente "as condições humanitárias extremamente duras" em que o líder palestiniano se encontra "em isolamento", afirmando que Barghouti "perdeu mais de metade do peso devido a negligência médica deliberada e maus-tratos".
"E, ao mesmo tempo, o ministro extremista Ben Gvir continua a ameaçá-lo diretamente numa tentativa de quebrar a sua vontade e resiliência", acusou a representação diplomática na rede X.
O Hamas, pela voz de Izzat Al-Risheq, membro do gabinete político do movimento islamista no poder na Faixa de Gaza, expressou "solidariedade com o irmão e líder Marwan Barghouti".
O grupo islamita denunciou ainda a "brutalidade" do ministro Ben Gvir perante "um líder prisioneiro, algemado e isolado em cela solitária, mal conseguindo manter-se de pé".
Ben Gvir, juntamente com o ministro das Finanças Bezalel Smotrich, são os membros mais extremistas do Governo liderado por Benjamin Netanyahu. Ambos estão impedidos de viajar para os Países Baixos e Eslovénia, membros da União Europeia, por incitarem à violência dos colonos contra a população palestiniana.
No início do mês, Ben Gvir já tinha protagonizado outra polémica e provocado a ira palestiniana ao rezar na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, o terceiro local mais sagrado do Islão, onde os não muçulmanos não são autorizados a rezar.
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