MP francês investiga morte de 'streamer' durante transmissão em direto

Raphaël Graven, de 46 anos, conhecido por Jean Pormanove ou JP, morreu enquanto dormia durante uma transmissão que durava há vários dias. Num canal que partilhava com outros 'streamers', era agredido e humilhado com frequência.

 Jean Pormanove ou JP,

© Reprodução/X

Márcia Guímaro Rodrigues
20/08/2025 14:44 ‧ ontem por Márcia Guímaro Rodrigues

Mundo

França

Um 'streamer' francês, conhecido como Jean Pormanove ou JP, popular por fazer desafios extremos na plataforma australiana de 'streaming' Kick, morreu enquanto fazia uma transmissão em direto, na madrugada de segunda-feira. O caso está a ser investigado pelas autoridades locais.

 

Raphaël Graven, de 46 anos, foi encontrado morto numa residência em Contes, uma vila no norte de Nice, em França. Segundo o Ministério Público francês, trata-se de "um espaço alugado para sessões ao vivo de videojogos".

A morte aconteceu durante uma transmissão ao vivo que durava há vários dias, e na qual participavam também os 'streamers' Owen 'Naruto' Cenazandotti e Safine Hamadi. 

Durante a transmissão, Jean Pormanove aparecia deitado e aparentemente inerte sob um edredão e foi um seguidor que alertou os restantes intervenientes de que estava "numa posição muito estranha". Ao aperceber-se da situação, 'Naruto' interrompeu o 'stream'. 

O homem, um ex-militar, de acordo com o Le Monde, tinha sido vítima de episódios de violência e privação de sono durante as transmissões. Além dele, costumava participar um outro homem, conhecido por Coudoux, portador de uma deficiência. Ambos eram frequentemente alvo de agressões, insultos e humilhações, mas apesar da violência, os 'streamers' defendiam que os seus vídeos eram humorísticos.

No final de 2024, o site Mediapart denunciou as agressões levadas a cabo durante transmissões ao vivo na plataforma Kick e deu o caso de Jean Pormanove como exemplo.

'Naruto' e Safine chegaram a ser detidos a 8 de janeiro de 2025 por acusações de "incitação pública ao ódio ou à violência contra uma pessoa, ou grupo de pessoas, em razão da sua deficiência", "violência intencional em grupo contra pessoas vulneráveis resultando em incapacidade total para o trabalho por menos de oito dias" e "divulgação de gravações de imagens relacionadas à prática de crimes de atentados intencionais à integridade pessoal".

Ambos acabaram por ser libertados, uma vez que "tanto as pessoas suscetíveis de serem implicadas quanto as vítimas negaram a prática de crimes", explicou o procurador de Nice, Damien Martinelli.

Naruto pede "respeito" e que não se divulgue o "último suspiro" de Jean Pormanove

O anúncio da morte de Jean Pormanove foi feito por Naturo, que, nas redes sociais, prestou homenagem ao seu "irmão, companheiro, parceiro", e pediu às pessoas que "respeitassem" a sua memória e não republicassem quaisquer vídeos do seu "último suspiro", segundo a BBC.

"Sempre temi o dia em que teria de escrever estas palavras. Infelizmente, ontem à noite, JP deixou-nos (...) Peço a todos que respeitem a sua memória e não compartilhem o vídeo do seu último suspiro enquanto dormia", escreveu.

Por sua vez, Safine, de apenas 23 anos, escreveu: "Descansa em paz, irmão".

"Humilhado e maltratado": Governo francês reage a morte de Jean Pormanove

A ministra francesa para a Inteligência Artificial (IA) e tecnologias digitais, Clara Chappaz, afirmou "Jean Pormanove foi humilhado e maltratado durante meses ao vivo na plataforma Kick" e revelou que decidiu avançar com uma denúncia na plataforma Pharma, de que permite que qualquer pessoa denuncie conteúdos ou comportamentos ilícitos encontrados online.

"A responsabilidade das plataformas online pela difusão de conteúdos ilícitos não é uma opção: é a lei. Este tipo de falhas pode levar ao pior e não tem lugar em França, na Europa ou em qualquer outro lugar", escreveu na rede social X.

Chappaz revelou ainda que decidiu contactar a ARCOM - a autoridade francesa de regulação da comunicação audiovisual e digital - e a própria Kick para apurar responsabilidades.

Também Sarah El Haïry, Alta Comissária para a Infância da França, descreveu a morte como "horrível"

"As plataformas têm uma enorme responsabilidade na regulação do conteúdo online para que as nossas crianças não sejam expostas a conteúdo violento. Apelo aos pais para que sejam extremamente vigilantes", afirmou no X.

Kick está "empenhada a colaborar" com as autoridades

Em comunicado, a Kick afirmou estar "profundamente triste com a morte de Jean Pormanove" e enviou "sinceras condolências à sua família, amigos e comunidade".

Anunciou ainda que "todos os 'co-streamers' que participaram nesta transmissão ao vivo foram banidos enquanto se aguarda a conclusão da investigação em curso" e assegurou estar "empenhada a colaborar plenamente com as autoridades neste processo". 

"A nossa prioridade é proteger os criadores e garantir um ambiente mais seguro na Kick", frisou.

Jean Pormonove dedicava-se às redes sociais há cerca de cinco anos e contava com milhares de seguidores, tendo grande presença na plataforma Kick.

Leia Também: Eliseu responde a Netanyahu: Acusação de antissemitismo "errada e abjeta"

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