Meloni força despejo de histórico espaço de contracultura em Milão

As autoridades policiais executaram hoje uma ordem despejo de um espaço histórico de contracultura em Milão, ocupado há 31 anos por militantes de esquerda, anticapitalistas e anarquistas, tendo a primeira-ministra Giorgia Meloni justificado que "não podem existir zonas francas" em Itália.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni

© SHAWN THEW/Reuters

Lusa
21/08/2025 13:48 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Itália

"Num Estado de Direito não podem existir zonas francas ou áreas fora da legalidade. As ocupações abusivas são prejudiciais para a segurança, para os cidadãos e para as comunidades que respeitam as regras. O Governo continuará a garantir que a lei seja respeitada, sempre e em todos os lugares", comentou Meloni na sua conta na rede social X.

 

A primeira-ministra reagia após a polícia ter concretizado a ordem de despejo do chamado "centro cultural Leoncavallo", um dos muitos espaços ocupados nas grandes cidades italianas, e aos quais o Governo de direita radical liderado por Meloni decidiu 'declarar guerra'.

"Finalmente, as coisas mudaram. A lei é a mesma para todos. Saiam!", congratulou-se por seu turno o vice-primeiro-ministro e líder do partido radical de direita Liga, Matteo Salvini.

Também o ministro do Interior, Matteo Piantedosi, disse que o despejo mostra que o Governo está a demonstrar tolerância zero em relação à ocupação ilegal, apontando que já foram despejadas quase 4 mil propriedades desde a tomada de posse deste executivo (em 2022) e que "a desocupação de Leoncavallo é apenas mais um passo".

Já o presidente da Câmara de Milão, Giuseppe Sala, de centro-esquerda, disse que o conselho municipal não foi previamente informado da ordem de despejo, da qual discorda, dado considerar Leoncavallo "um valor histórico e social" da cidade que é a capital da região da Lombardia (norte).

A presidente da associação "Mame del Leoncavallo", que geria o espaço, considera o despejo "uma tragédia", mas garantiu que "isto não é o fim" e que irá recorrer para o conselho municipal de Milão.

Por seu lado, o diretor artístico do centro Leoncavallo no seu auge, Matteo 'Flipper' Marchetti, afirmou que hoje "é um dia triste para o protesto antissistema, mas também para a cultura", pois "Leoncavallo, com a sua contracultura antagónica, teve um forte impacto nas escolhas artísticas da cidade nos últimos 50 anos e tem sido um veículo e gerador de alta cultura e outras culturas".

Já a Associação Recreativa e Cultura Italiana (ARCI, de esquerda) lamentou que o Governo de Meloni celebre despejos como o de hoje, mas continue a "tolerar ocupações neofascistas", como a da organização de extrema-direita Casapound, referindo-se à sua sede em Roma.

Leia Também: Polémica: Meloni revela na Casa Branca que evita jornalistas italianos

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