O primeiro-ministro reconheceu hoje que atingir os 2% do PIB em investimento na área da Defesa este ano é um objetivo difícil mas o executivo está empenhado nele, e garantiu diálogo com a oposição para metas a longo prazo.
"Nós estamos empenhados e achamos possível, mas é difícil. E é difícil por razões práticas, não é por falta de vontade. E até vou dizer mais, não é por falta nem de vontade, nem de dinheiro", afirmou Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas na cimeira da NATO, que termina hoje na cidade de Haia, Países Baixos.
O chefe do executivo português comprometeu-se em atingir os 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em Defesa até ao final deste ano - o que, segundo as contas do Governo, obrigará a um reforço de investimento de cerca de mil milhões de euros.
Além da meta dos 2% do PIB este ano, a reunião de alto nível acordou que os aliados devem investir 5% do PIB em despesas relacionadas com Defesa, dos quais 3,5% em gastos militares tradicionais (Forças Armadas, equipamento e treino) e 1,5% adicionais em investimentos como infraestruturas e indústria até 2035, com uma revisão intercalar em 2029.
Montenegro estimou que, nos próximos quatro anos, Portugal andará "acima dos 2% do PIB" com uma "evolução gradual ascendente" para que em 2029 o país esteja em posição de poder cumprir o objetivo final nos seis anos seguintes.
"Faço notar que estamos a falar de um período temporal de várias legislaturas e, portanto, nós, como aliás já tive a ocasião de dizer previamente à realização desta cimeira, continuaremos a privilegiar também o diálogo político com os principais partidos da oposição", salientou o chefe do executivo, que antes de se dirigir até Haia teve duas reuniões com Chega e PS em São Bento.
O primeiro-ministro considerou que Portugal "não foi um bom exemplo na última década do ponto de vista do cumprimento dos seus compromissos" no âmbito da Aliança, esclarecendo que "isto não é exclusivo de crítica a nenhum Governo em particular nem a nenhum partido".
"De ora avante temos que ser mais consequentes com os compromissos que assumimos e é isso que nós pretendemos fazer", afirmou.
Luís Montenegro sublinhou que a credibilidade constrói-se através das decisões e da capacidade de execução das decisões" e alertou que Portugal "não está no tempo de incumprir" ou "adiar compromissos essenciais" mas sim de mostrar que está "à altura" da sua responsabilidade.
O chefe do executivo português acrescentou que, caso em 2029 "por razões estratégicas", esta meta for alterada, terão que ser feitos ajustes ao plano.
A legislatura atual tem final previsto para 2029 e será também um ano em que a Casa Branca pode ter um novo inquilino, diferente do republicano Donald Trump, que pressionou os aliados para a meta dos 5%.
Na sua intervenção inicial aos jornalistas, Luís Montenegro salientou que a cimeira da NATO decorreu numa altura "crítica da Aliança", a nível europeu e mundial, com "vários focos de tensão e instabilidade", como "a agressão da Rússia contra a Ucrânia o aumento da instabilidade no Médio Oriente e também no Norte de África".
"Por isso esta cimeira é particularmente demonstrativa da capacidade de unidade e credibilidade que este projeto de Aliança pode e deve evidenciar nos próximos anos", considerou.
No ano passado, de acordo com números divulgados pelo Ministério da Defesa, Portugal investiu 4.481,50 milhões de euros em despesas militares, correspondente a 1,58% do PIB nacional.
[Notícia atualizada às 15h35]
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