Investigação deteta uma dezena de polícias e militares em grupo neonazi

Entre os membros do Movimento Armilar Lusitano (MAL) estão pelo menos uma dezena de polícias, bem como militares. Grupo neonazi fornecia armamento a outras organizações da extrema-direita.

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Natacha Nunes Costa
27/06/2025 09:09 ‧ há 5 horas por Natacha Nunes Costa

País

Neonazis

O Movimento Armilar Lusitano (MAL), liderado por um chefe da Polícia de Segurança Pública (PSP), aliciava polícias, militares e pessoas com experiência no uso de armas para o grupo neonazi desmantelado pela Polícia Judiciária (PJ) na semana passada.

 

De acordo com documentos judiciais consultados pelo jornal Expresso, "pelo menos uma dezena de elementos das forças de segurança e militares colaboraram com o MAL", a organização cujos líderes ficaram em prisão preventiva.

Entre estes elementos está, por exemplo, um polícia conhecedor de informações sobre armas e explosivos, um agente principal da PSP, residente em Famalicão, e um militar da Guarda Nacional Republicana (GNR) a viver na Polónia em licença de serviço, país onde se dedica à compra e venda de armas, e que terá enviado para um dos líderes do MAL várias "embalagens suspeitas". Mas há mais.

Além de outros membros da PSP e GNR, segundo o semanário, há também elementos das forças militares nos grupos de conversação online do MAL. Um deles seria mesmo um dos principais moderadores de um dos fóruns fechados dos neonazis. Outro, um fuzileiro da Marinha, terá fornecido equipamento militar ao grupo.

"Azeitonas" e "oliveiras" eram afinal armas e munições

Os investigadores suspeitam ainda que o MAL forneceu armamento a outras organizações de extrema-direita portuguesas. Uma delas compraria mesmo com alguma frequência armas e munições ao grupo agora desmantelado.

Adquiriria o arsenal no estrangeiro, nomeadamente na Alemanha e através de um site de uma empresa italiana. Para falar de armas e munições, os suspeitos usavam palavras de código como "azeitonas" e "oliveiras".

Costa, Gouveia e Melo e Zelensky na mira de neonazis

Dos documentos constam ainda os protestos em que estiveram envolvidos, destacando-se os dos coletes amarelos e dos agricultores, e nomes como o do ex-primeiro-ministro, António Costa, e do atual candidato à Presidência da República, o almirante Gouveia e Melo, que na altura da pandemia, foi o rosto principal da campanha de vacinação contra a Covid-19, assim como o do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, quando esteve em Portugal.

Neste caso, dois elementos do MAL terão falado na possibilidade de haver um atentado contra o líder ucraniano, que seria protagonizado por indivíduos de nacionalidade russa.

Desmantelamento

No início do mês de junho, a Polícia Judiciária (PJ) deteve seis suspeitos de pertencerem ao MAL, tendo quatro ficado em prisão preventiva, depois de presentes a juiz de instrução para aplicação das medidas de coação.

Quatro dos arguidos estão agora indiciados pelos crimes de infrações relacionadas com grupo terrorista, cuja pena de prisão vai dos 8 aos 15 anos, e por infração terrorista. Todos os seis arguidos estão indiciados por detenção de arma proibida.

No âmbito da operação Desarme 3D, foi apreendido material explosivo de vários tipos, várias armas de fogo, algumas das quais produzidas através de impressão 3D, várias impressoras 3D, várias dezenas de munições, várias armas brancas e material informático, entre outros elementos de prova.

Entre os detidos está o chefe da PSP que é um dos três fundadores do grupo neonazi, criado em 2018, assim com os outros dois fundadores: motorista de pesados e uma segurança da área privada.

Leia Também: Polícia neonazi? Diretor nacional da PSP diz que "um caso já é grave"

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