Trabalhadores da administração local exigem aumento do salário para mil €

Centenas de trabalhadores das autarquias locais e de empresas municipais reivindicaram hoje o aumento do salário mínimo para os mil euros, numa marcha que terminou junto ao parlamento e contou com a solidariedade de partidos de esquerda.

Protesto nacional dos trabalhadores da administração local e setor empresarial

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Lusa
27/06/2025 13:56 ‧ há 4 horas por Lusa

País

Lisboa

"Há uma reforma do Estado a caminho, que nós não sabemos muito bem em que é que se vai basear essa reforma do Estado e em que é que vai consistir. E se estes trabalhadores já têm críticas e manifestam já vários problemas, como salários, atualizações de salários, etc., esperemos que, com essa reforma do Estado, estes direitos, nomeadamente até o direito à greve, não fique ameaçado", defendeu a deputada do Livre Filipa Pinto, em frente ao parlamento.

 

Paulo Raimundo, líder do PCP, destacou, por outro lado, que são estes trabalhadores quem "garante o funcionamento das autarquias e dos serviços públicos" na primeira linha junto das populações, pelo que merecem "respeito, mais salários, melhores carreiras, as condições de trabalho para poderem fazer aquilo que fazem, que é trabalhar".

"Há uma coisa de que eu tenho a certeza absoluta: de que não se vão deixar amedrontar por essas pressões, não se vão deixar amedrontar por essas chantagens e que, tal e qual como estão a fazer hoje, vão continuar a dar a resposta que é necessária", disse o dirigente comunista.

Durante a marcha, iniciada no Largo Camões, em Lisboa, os trabalhadores, vindos de todos os distritos do continente e também das ilhas, gritaram palavras de ordem, perante a surpresa de alguns turistas e o apoio de alguns transeuntes, enquanto aproveitavam as paragens da caminhada para ocupar as poucas sombras do caminho.

"O custo de vida aumenta, o povo não aguenta", "é urgente e necessário o aumento do salário" e "não podemos aceitar empobrecer a trabalhar", "o risco é diário, o suplemento é necessário", "é preciso, é urgente uma política diferente", foram algumas das palavras de ordem repetidas durante o percurso.

Além de assistentes operacionais das câmaras municipais e das juntas de freguesia, o protesto incluiu trabalhadores de empresas do setor empresarial local, como funcionários da EGEAC -- Empresa de Gestão e equipamentos culturais da Câmara de Lisboa, que "exigem aumentos salariais".

Também estiveram presentes representantes de outras profissões ligadas ao setor local, como bombeiros, águas e transportes urbanos, nomeadamente uma delegação dos motoristas dos transportes urbanos de Coimbra, "em luta pelas suas carreiras", e trabalhadores da Águas de Portugal, "em luta pela valorização profissional".

Tânia Dias veio de Setúbal "lutar por melhores condições de vida, melhores condições de salário".

"Somos jovens, temos dificuldades para pagar rendas, para poder comprar uma habitação, para ter condições para criar os nossos filhos. [...] O nosso salário não consegue combater o custo de vida", disse.

Já Mariana Violante, assistente técnica na Câmara de Leiria, salientou que os problemas dos jovens na administração local são um pouco transversais a toda a sociedade, destacando a precariedade devido à forma como o Estado desinvestiu nos serviços públicos.

"As contratações para os serviços que continuam a ser necessárias são feitas de forma precária e muitas vezes através de empresas externas, em vez de serem através dos contratos de função pública, que são contratos, ainda assim, um pouco mais seguros e mais estabilizados", disse.

No início da carreira, acrescentou, "a base salarial é muito baixa" e os jovens não conseguem "fazer frente aos desafios" que se apresentam, "quer para conseguir encontrar um lugar para viver quer para fazer frente às despesas".

"É impossível pensar em juntar e fazer uma família", lamentou.

Já perto do fim da carreira, José Augusto Tenreiro veio com a delegação do distrito da Guarda protestar contra as políticas do Governo, que considera estarem a andar para trás no tempo.

Segundo o trabalhador, se fosse cumprida a lei que estava em vigor quando entrou para a Câmara de Trancoso, que previa a reforma aos 36 anos de serviço independentemente da idade, já estaria reformado. No entanto, com as novas regras, terá de esperar mais cinco anos até poder aposentar-se, apesar de já ter cumprido os 36 anos de serviço.

"Toda esta massa humana que aqui está é um grito de revolta perante as políticas que este Governo tem tido. Isto é um grito perante o retrocesso que estamos a ter. [...] É uma injustiça que está sempre perante nós e são sempre os mais fracos a pagar as favas desta situação toda", considerou, sublinhando a constante desvalorização das carreiras, a estagnação de ordenados e o desnivelamento dos salários portugueses em relação a outros países da Europa.

A manifestação foi agendada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (STAL), segundo o qual os trabalhadores exigem o aumento de todos os salários, ou seja, dos assistentes operacionais, dos assistentes técnicos e dos técnicos superiores.

O STAL acompanhou a proposta reivindicativa da Frente Comum e dos restantes sindicatos da Administração Pública, propondo uma revisão intercalar do salário mínimo para que atinja os 1.000 euros já este ano, com um aumento mínimo de 150 euros para todos os trabalhadores.

Os trabalhadores reivindicam também o aumento do subsídio de refeição, a valorização geral das carreiras e a reposição de carreiras da administração local.

[Notícia atualizada às 15h08]

Leia Também: Centenas de trabalhadores da administração local manifestam-se em Lisboa

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