Uma grávida de 40 semanas foi a cinco hospitais nos distritos de Lisboa e Setúbal com queixas de dores intensas e peso abdominal, este mês, e a bebé acabou por morrer pouco tempo depois do nascimento.
A história é avançada este domingo pelo Correio da Manhã, que falou com a mulher, de 37 anos, identificada como E.C.
Tudo começou no dia 10, quando, perto das 40 semanas de gravidez, a mulher foi encaminhada pelo SNS24 para o Ginecologia/Obstetrícia do Hospital de Setúbal.
Por lá, a situação foi avaliada e disseram que "estava tudo bem". E.C. voltou para o Seixal, onde reside, para quase uma semana depois voltar a sentir as mesmas dores. Já no dia 16, foi atendida no Hospital do Barreiro. Aqui, foi-lhe realizada uma cardiotocografia, mais conhecida por CTG, que é um exame complementar não invasivo - que tem como objetivo avaliar o bem-estar fetal.
Também nessa unidade hospitalar lhe disseram que "estava tudo bem" e mandaram-na para casa. Três dias depois, as dores voltaram e E.C. regressou ao hospital, às urgências do Hospital Garcia de Orta, em Almada. "Fizeram CTG, estava tudo bem, mas não internaram porque não tinham vaga", recordou.
Dois dias depois, a situação repetiu-se e E.C. ligou para o SNS24, sendo encaminhada para o Hospital de Cascais, onde lhe disseram, conta ao Correio da Manhã, que não tinham vaga. Aqui, recusou voltar para casa e acabou por ser reencaminhada para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
E.C. deu entrada no Santa Maria a 21 de junho e, aqui, foi decidido que o parto devia ser induzido. "No dia 22, tentaram o parto normal, mas não conseguiram e fizeram cesariana de emergência. A minha filha nasceu com 4525 gramas, mas com batimentos cardíacos fracos. Fizeram manobras de reanimação, mas não resistiu", apontou.
O Notícias ao Minuto está a tentar entrar em contacto com as unidades hospitalares acima referidas, mas, ao Correio da Manhã, a Unidade Local de Saúde (ULS) Santa Maria explicou que as ecografias apresentadas pela utente "indicavam um feto com crescimento normal" e que a CTG realizada à entrada "era normal."
A decisão de induzir o parto ter-se-á prendido com a existência de "dois partos vaginais anteriores" de E.C., em que um deles o recém-nascido "pesava 3900 g, motivo pelo que não existia qualquer indicação para cesariana."
Segundo a mesma fonte, foi ainda tentado um parto instrumentado, por forma a diminuir o período expulsivo, dado que o feto apresentava "no CTG desacelerações da frequência cardíaca, mas este não teve sucesso, razão pela qual se partiu logo de seguida para uma cesariana".
Terá sido aí que se verificou a existência de um hematoma grande do ligamento largo do útero, "o qual dificultou a incisão no útero e atrasou substancialmente a extração do feto".
"O recém-nascido mostrava sinais de vida, mas não resistiu ao episódio de baixa oxigenação sofrido nos momentos que antecederam o nascimento", explica a ULS Santa Maria.
O resultado da autópsia ainda não é conhecido e, segundo a imprensa, só quando o for é que a mulher decide se irá avançar para fazer uma queixa ou não.
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