José Sócrates acaba de chegar ao Campus da Justiça, em Lisboa, para a segunda sessão do julgamento da Operação Marquês, que decorre esta terça-feira, 8 de julho.
Depois de passar pelos jornalistas, entrar em tribunal e voltar a sair, o antigo primeiro-ministro dirigiu-se de uma forma exaltada aos ali presentes, acusando "o jornalismo português de compactuar com o estado judicial".
Questionado sobre o facto de ter entregue mais um recurso, José Sócrates reagiu prontamente: "Fiz aquilo que me compete, os tribunais portugueses não me querem deixar recorrer e isso é um abuso".
"Ao fim de oito anos, o Estado acha que pode mudar a acusação, não pode, isso é um injustiça, isso viola as leis europeias", assegurou, reiterando as acusações que já tinha proferido na primeira sessão do julgamento, que se realizou na passada quinta-feira, 3 de julho.
"Alguém acredita que o lapso de escrita existiu? Foi um estratagema. As senhoras juízas acharam que, num toque de magia, podiam mudar o crime. Não! Esse lapso de escrita não vai passar", garantiu, questionando "quem é que tem medo dos Tribunais Europeus?".
De seguida, voltou a atacar os jornalistas. "Os jornalistas não querem saber se é justo, se não é justo. Não! Os jornalistas acham que têm de estar do lado da autoridade. Nunca do lado da liberdade. Não será isto uma injustiça com um cidadão? Não! Os jornalistas acham que têm de estar do lado das instituições", atirou, sem deixar margens para perguntas.
Recorde-se que, já na primeira sessão de julgamento, que decorreu na passada semana, José Sócrates teceu uma série de ataques à porta do tribunal. Do coletivo de juízes ao Procurador Geral da República (PGR), passando pelos jornalistas como é, aliás, já habitual.
Na semana passada, o antigo governante, que está acusado neste processo de 22 crimes (três de corrupção, 13 de branqueamento e seis de fraude fiscal), criticava o argumento de que houve "um lapso de escrita" para ser novamente julgado.
Para José Sócrates trata-se apenas de um "estratagema" para o levar novamente a tribunal e prejudicar a sua vida política.
Também na primeira sessão do julgamento, além de ter levado um 'raspanete' da juíza que preside do coletivo de juízes, Susana Seca, o ex-governante viu esta recusar o requerimento para suspender o julgamento.
Mas não desistiu. Segundo a RTP, o seu advogado de defesa, Pedro Delille, apresentou um novo recurso para tentar suspender o julgamento da Operação Marquês.
Desta vez, o advogado de defesa do antigo governante, Pedro Delille, quer que o Tribunal de Justiça da União Europeia se pronuncie sobre a qualificação dos crimes de corrupção, pelos quais o antigo-primeiro-ministro foi pronunciado pelo tribunal da Relação.
Estima-se que, ao todo, a defesa de Sócrates já terá apresentado cerca de uma centena recursos, reclamações e incidentes para travar o julgamento.
Só durante a fase de inquérito, entre 2014 e 2017, o antigo governante apresentou mais de 30 recursos no Tribunal da Relação de Lisboa, ganhando apenas um.
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