As declarações de Paulo Rangel foram realizadas no final do primeiro dia da visita à capital da Guiné-Bissau e três semanas após o ministro da Educação guineense, Henry Mané, ter afirmado que menos de 5% da população fala a língua portuguesa.
"A difusão da língua portuguesa num território como a Guiné-Bissau é um exercício que exige, de facto, um esforço enorme da parte de Portugal", afirmou hoje o ministro português.
"Eu vou olhar com muita seriedade para uma ação que possa implantar de forma muito mais sólida da língua portuguesa no território da Guiné-Bissau. É evidente que, quando falamos de números, a ideia de que podíamos universalizar um sistema desses é uma ideia que não é realista", alertou o governante.
Para isso, defendeu, o caminho passa por "conseguir melhorar uma rede do ensino do português sem a ambição de que seja universal ou que possa cobrir todas as necessidades e, ao mesmo tempo", trabalhar-se "num conhecimento, especialmente em Portugal, verdadeiramente técnico e científico das línguas mais faladas", não só na Guiné-Bissau, mas em outros países de expressão portuguesa como Timor-Leste e Cabo Verde.
Contudo, o ministro ressalvou que este "é um problema que tenderá a agravar-se à medida que a taxa de crescimento demográfico aumenta" e que "não se consegue com uma resposta populista (...), que deixaria tudo na mesma para sempre".
Num balanço do dia de hoje, Rangel destacou a visita aos terrenos da Escola Portuguesa da Guiné-Bissau, cuja concretização do projeto se tem arrastado há anos.
"No que toca a esta escola, eu acho que vamos entrar numa fase de aceleração. Vemos uma grande boa vontade e empenho das autoridades guineenses, [e] temos agora um terreno numa zona da cidade que tem agora muito mais potencial do que o anterior. Estamos a fazer já algumas obras infraestruturais, [mas] será preciso adaptar o projeto", afirmou.
"Não me vou comprometer com nenhum calendário, mas sem dúvida que vai daqui um impulso muito grande. Devo dizer que tanto o ministro da Educação, o professor Fernando Alexandre, como eu, somos entusiastas das Escolas Portuguesas", garantiu.
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