A convocatória para uma concentração junto à sede do Conselho de Ministros, pelas 19 horas, faz-se "contra a destruição de casas, os despejos e as mentiras".
O movimento - que vai entregar ao Governo a carta aberta "Parar os despejos e resolver a situação da habitação", com mais de 3.200 subscrições individuais e cerca de 150 organizações apoiantes - exige "soluções reais "para a crise na habitação.
"O Governo e as autarquias nada fazem para resolver o problema da habitação devido à especulação imobiliária, ao excesso de turismo e à falta de construção de habitação pública", denuncia, no texto da convocatória.
Em concreto, o movimento pede uma resposta para as "mais de 90 famílias sem casa e mais de 60 crianças a viver na rua" nos bairros do Talude Militar, no concelho de Loures, e da Estrada Militar da Mina de Água, no concelho da Amadora, onde as autarquias ordenaram este mês a demolição de construções precárias.
O Vida Justa contabiliza "23 bairros de barracas na Grande Lisboa" e assinala que "há cada vez mais famílias trabalhadoras que não conseguem alugar uma casa e nem sequer um quarto".
Dirigindo-se em concreto às autarquias de Loures e Amadora, o movimento lamenta que "a única coisa que fazem é criminalizar as populações trabalhadoras e deitar para as costas delas a culpa de uma política criminosa".
O Vida Justa acusa ainda Governo e autarquias de nada fazerem para resolver o problema e exige "soluções reais" para o que considera ser uma "catástrofe humanitária", informando que já pediu "uma reunião urgente" com a secretária de Estado da Habitação e com o Conselho Diretivo do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).
Os municípios de Loures e Amadora, no distrito de Lisboa e ambos presididos pelo PS, realizaram em meados de julho operações de demolição de casas precárias construídas pelos habitantes, gerando contestação.
A autarquia de Loures iniciou em 14 de julho uma operação de demolição de 64 habitações precárias, que acolhem 161 pessoas, no bairro do Talude Militar. Em dois dias, foram demolidas 55 habitações, antes de um tribunal de Lisboa ter suspendido as operações, na sequência de uma providência cautelar interposta por moradores.
Na Amadora, a autarquia deitou abaixo oito de 22 construções em lista para demolição na Estrada Militar da Mina de Água, tendo suspendido a operação igualmente após uma providência cautelar interposta por moradores.
O Vida Justa e organizações locais têm contestado a atuação das autarquias, acusando-as de despejarem pessoas sem alternativa e de não lhes prestarem o devido acompanhamento.
Em resposta, o presidente da câmara de Loures, Ricardo Leão (PS), acusou o movimento de "prejudicar as pessoas" do Talude, "proibindo-as de falarem" com os técnicos da autarquia.
"O Vida Justa está a manipular estas famílias", apontou, garantindo que a autarquia anda "desde março a falar com todas as pessoas" do Talude Militar, onde o movimento cívico tem apoiado os moradores, nomeadamente angariando donativos.
O Vida Justa acusou o autarca de "mentir" e de tentar "desacreditar" as vozes dos moradores.
Leia Também: IHRU diz que despejos em Odivelas se deveram a "ocupação ilegal"