"Por parte dos CPL, o processo de diálogo continua em aberto", revelou a associação política criada em 2007 pela arquiteta Helena Roseta, numa nota enviada à agência Lusa.
Os CPL têm-se apresentado a eleições autárquicas em Lisboa sempre em candidaturas lideradas pelo PS, o que aconteceu nos últimos cinco atos eleitorais, nomeadamente em 2007, em 2009, em 2013, em 2017 e em 2021.
Os CPL chegaram este ano à maioridade e têm, neste mandato 2021-2025, representação na câmara e na Assembleia Municipal de Lisboa.
Sem qualquer referência à associação política CPL, a candidatura à Câmara de Lisboa encabeçada pela socialista Alexandra Leitão confirmou hoje que vai integrar o Livre, o BE e o PAN, indicando que o projeto de coligação será apresentado na sexta-feira.
"Os Cidadãos por Lisboa não foram informados do fecho do acordo com os partidos políticos", expôs a associação política.
No acordo de incidência eleitoral entre PS, Livre, BE e PAN, a que a Lusa teve acesso, os quatro partidos de esquerda referem a disponibilidade para "analisar a adesão à presente coligação de cidadãos independentes e movimentos de cidadãos de matriz progressista".
Em resposta, os CPL recordaram que desde 2009 que a sua participação autárquica com o PS "foi sempre através de acordo formal escrito", de forma a reconhecer a legitimidade de participação da associação política, "quer do ponto de vista programático, quer do ponto de representação".
Em junho, cinco meses depois de o PS ter apresentado Alexandre Leitão como cabeça de lista à presidência da Câmara de Lisboa nas próximas eleições autárquicas, marcadas para 12 de outubro, os CPL apresentaram o seu manifesto sobre o que ambicionam para a capital no mandato 2025-2029.
A este propósito, a associação política manifestou a vontade de concorrer nas próximas eleições autárquicas no âmbito da coligação com PS, Livre, BE e PAN.
Apesar de defender uma coligação de esquerda, a presidente dos CPL disse, em junho, que a associação política a que preside tem condições para concorrer de forma independente nas próximas eleições autárquicas, considerando o trabalho desenvolvido ao longo de 18 anos. No entanto, reforçou que a conjuntura política impõe o conjugar de esforços.
Em declarações à agência Lusa, a presidente dos CPL, Paula Marques, que é também vereadora na câmara da capital, disse que o atual cenário político "é desafiador", sobretudo depois de um resultado eleitoral "difícil para os partidos de esquerda" nas legislativas de 18 de maio, com o crescimento do partido de extrema-direita Chega.
Também por isso, a dirigente dos CPL defendeu "a congregação de esforços" das forças políticas de esquerda numa candidatura às próximas eleições autárquicas, referindo que essa coligação poderia incluir PS, Livre, BE e PAN, assim como "agregar outros movimentos sociais e cívicos", ressalvando já que, "infelizmente", o PCP não deveria fazer parte, por indisponibilidade do próprio partido.
Nas eleições autárquicas de 2021, os CPL concorreram através da coligação PS/Livre, designada "Mais Lisboa" e liderada pelo até então presidente da câmara Fernando Medina (PS), mas essa candidatura foi derrotada pelos "Novos Tempos" (coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), encabeçada pelo social-democrata Carlos Moedas, que governa sem maioria absoluta e que já anunciou a sua recandidatura, através de uma coligação entre PSD, CDS-PP e IL.
Para o próximo mandato 2021-2025, os CPL defendem "um projeto de mudança", por considerarem que a governação de Carlos Moedas tem representado "um retrocesso" para a cidade.
Concorrem à presidência da Câmara de Lisboa nas eleições autárquicas de 12 de outubro: Alexandra Leitão (PS/Livre/BE/PAN), Carlos Moedas (PSD/CDS-PP/IL), João Ferreira (CDU -- coligação PCP/PEV), Ossanda Líber (Nova Direita), José Pinto Coelho (Ergue-te!), Bruno Mascarenhas (Chega) e José Almeida (Volt).
O atual executivo integra sete eleitos da coligação "Novos Tempos" - PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança, sete eleitos da coligação "Mais Lisboa" - PS/Livre, dois da CDU e um do BE.
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