Visão artificial pode contribuir para vigilância em massa, alerta estudo

A visão por computador, ou visão artificial, tem múltiplas aplicações, desde a identificação automática de utilizadores nas redes sociais, mas também contribui para a tecnologia de vigilância em massa, ameaçando os direitos e as liberdades da privacidade.

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Lusa
26/06/2025 09:26 ‧ há 6 horas por Lusa

Tech

Visão artificial

Um estudo publicado na Nature e liderado pela Universidade de Stanford destaca "as extensas ligações entre a investigação em visão computacional e a vigilância", escrevem os investigadores.

 

A equipa analisou mais de 40.000 artigos de investigação e as patentes que deles derivaram para concluir que, de todas as potenciais aplicações das tecnologias de interpretação de imagens, a maioria se centra na deteção humana.

Os investigadores indicam que o número de artigos sobre visão computacional que contribuíram para patentes de vigilância quintuplicou entre os anos 1990 e 2010.

A visão por computador é a capacidade de ver nas máquinas, de extrair a estrutura espaçotemporal das imagens/vídeo para interpretar completamente uma cena e as suas aplicações vão desde os automóveis autónomos à robótica, passando pela conceção de proteínas ou pela modelação das alterações climáticas.

No entanto, a investigação indica que, de todas as aplicações potenciais das tecnologias de interpretação de imagens, a maioria centra-se na deteção humana para o desenvolvimento da vigilância em massa.

Os exemplos incluem tecnologias para a deteção de membros (reconhecimento facial); deteção humana em atividades quotidianas (compras ou eventos de grupo) e análise de espaços humanos (casas, ruas e escritórios).

Num subconjunto selecionado aleatoriamente de 100 artigos e patentes, 90% dos artigos e 86% das patentes extraíam dados relativos a seres humanos.

Os dois principais países produtores de investigação que registaram patentes relacionadas com a vigilância são, por uma larga margem, os Estados Unidos e a China.

"Embora a narrativa geral seja de que apenas uma pequena fração da investigação em visão computacional é prejudicial, o que encontramos é uma vigilância generalizada e normalizada", afirmou Abeba Birhane, um dos investigadores da Universidade de Stanford.

Entre outras conclusões, o estudo indica que estas práticas e a sua omnipresença ameaçam direitos fundamentais como a privacidade, a liberdade de expressão e de circulação.

Num artigo de acompanhamento que comenta o estudo, o investigador Jathan Sadowski, da Universidade da Austrália, escreve que "o mapeamento das aplicações da investigação em visão computacional revela uma relação íntima entre a investigação académica e as aplicações de vigilância por parte das forças armadas, da polícia e de empresas com fins lucrativos".

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