"O Novo Banco, S.A. ("novobanco" ou o "Banco") informa que o seu acionista maioritário, a Nani Holdings S.à r.l. (uma entidade detida pela Lone Star Funds), assinou um Memorando de Entendimento para a venda da sua posição acionista ao BPCE, por um montante equivalente a uma valorização de aproximadamente Euro6,4 mil milhões, no final de 2025, para 100% do capital social", lê-se num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A conclusão da transação está prevista para o primeiro semestre de 2026.
Também num comunicado divulgado hoje, o BPCE avança estar "em conversações com o Governo português e com o Fundo de Resolução Bancária com vista à aquisição das suas participações no novobanco (11,5% e 13,5%, respetivamente), em condições idênticas".
O grupo francês destaca que a compra do Novo Banco, "representando um montante de aproximadamente 6.400 milhões de euros (para 100% do capital) e um múltiplo de cerca de 9x os ganhos anuais, é a maior aquisição transnacional na zona euro em mais de 10 anos".
"Após a conclusão da transação, Portugal tornar-se-á o segundo maior mercado retalhista nacional do Grupo", enfatiza.
Empregando atualmente mais de 3.000 pessoas em Portugal, o BPCE refere que a abertura em 2017 de um centro de competências multiempresarial no Porto "veio aprofundar os vínculos locais".
Para o Novo Banco, a decisão do acionista maioritário de avançar com uma venda direta ao BPCE "representa uma oportunidade estratégica, posicionando o novobanco para integrar um dos maiores e mais sólidos grupos financeiros europeus".
"Ao integrar o novobanco no Grupo, nomeadamente ao lado das redes bancárias Banque Populaire e Caisse d'Epargne, o BPCE reforçará o seu papel como um importante parceiro de desenvolvimento da economia portuguesa".
O Novo Banco refere que a transação agora anunciada "conclui o processo de transformação" da instituição bancária, "tornando-o num dos bancos mais rentáveis da Europa, com um objetivo de rentabilidade sobre capital tangível (RoTE), de médio prazo, superior a 20%".
Citado no comunicado, o presidente executivo (CEO) do Novo Banco afirma que com a integração no BPCE o banco "ganha a força e a dimensão de um dos grupos financeiros mais sólidos da Europa, continuando a desenvolver a seu próprio percurso de sucesso".
"Esta transação reforça a nossa missão de apoiar as famílias e as empresas portuguesas, aprofunda o nosso compromisso com a economia nacional e assegura um futuro de longo prazo assente na solidez, na confiança e numa ambição conjunta. Este é um grande momento para o novobanco e avançamos com confiança renovada e um propósito claro", sustentou Mark Bourke.
Já o CEO do Groupe BPCE, Nicolas Namias, refere que o Novo Banco, "com quotas de mercado de 9% no segmento de clientes particulares e 14% no segmento de empresas, [...] apresenta sólidos fundamentos, um forte potencial de crescimento e um elevado nível de rentabilidade".
"Sendo uma entidade de referência na banca de proximidade em França, através das redes Banque Populaire e Caisse d'Epargne, o Grupo passará a ser também um operador relevante na banca comercial na Europa com a aquisição do novobanco, participando ativamente no financiamento da economia portuguesa", diz.
Segundo acrescenta, "os dirigentes e colaboradores do BPCE estão particularmente entusiasmados com a perspetiva de acolher o novobanco, a sua equipa de gestão e os seus 4.200 colaboradores no Grupo".
O Groupe BPCE apresenta-se como o segundo maior grupo bancário em França e o quarto maior da zona euro em termos de capital, tendo 100.000 trabalhadores e 35 milhões de clientes em todo o mundo.
O Novo Banco foi criado em 2014 para ficar com parte da atividade bancária do Banco Espírito Santo (BES), na resolução deste.
Desde 2017, quando o Novo Banco foi vendido à Lone Star, o Fundo de Resolução bancário injetou 3.405 milhões de euros no banco, provocando várias polémicas políticas e mediáticas. Com o fim antecipado deste mecanismo, em final de 2024, tornou-se possível a venda do Novo Banco e que este pague já dividendos.
A Lone Star anunciou para este ano a venda de parte do banco em bolsa e um plano de distribuição de dividendos para tornar a instituição atrativa para os investidores.
[Notícia atualizada às 09h12]
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