"O que estamos a ver é o resultado das políticas públicas", disse o economista-chefe e vice-presidente sénior do Grupo Banco Mundial, Indermit Gill, no comunicado hoje divulgado em Washington, que anuncia o número de 435 mil milhões de dólares, (cerca de 375 mil milhões de euros), de IDE em 2023.
No texto, o economista-chefe salienta que "não é coincidência que o IDE esteja a atingir novos mínimos ao mesmo tempo que a dívida pública atinge níveis recordes" e acrescenta que "o investimento privado terá agora que impulsionar o crescimento económico, e o IDE é uma das formas mais produtivas de investimento privado".
Ainda assim, lamenta, "nos últimos anos os governos têm estado ocupados a erguer barreiras ao investimento e ao comércio, quando deveriam estar deliberadamente a derrubá-las, pelo que terão de abandonar esse mau hábito".
De acordo com o relatório do Banco Mundial, em 2023, o último ano para o qual existem dados disponíveis, o valor que as economias em desenvolvimento, onde se inserem todos os países lusófonos, à exceção de Portugal, receberam em IDE foi o mais baixo desde 2005.
A tendência de redução dos fluxos de investimento estrangeiro também atinge as economias mais ricas, que receberam apenas 336 mil milhões de dólares (289 mil milhões de euros) em 2023, o nível mais baixo desde 1996.
No comunicado, o Banco Mundial aproveita para sublinhar a importância da Conferência sobre Financiamento para o Desenvolvimento, em Sevilha, de 30 de junho a 3 de julho, para apontar que as políticas públicas serão fundamentais para alcançar esses objetivos, num contexto em que o crescimento económico desacelerou, a dívida pública atingiu níveis recordes e os orçamentos para ajuda externa diminuíram.
A flexibilização das restrições ao investimento será um primeiro passo fundamental, já que este ano, metade de todas as medidas relacionadas com o IDE anunciadas pelos governos das economias em desenvolvimento foram medidas restritivas --- a maior proporção desde 2010.
Entre as prioridades identificadas pelo Banco Mundial para reverter a desaceleração de IDE nos países em desenvolvimentos estão a flexibilização das restrições, melhorando a atração de investimentos de empresas estrangeiras, a ampliação dos benefícios económicos do IDE e o aumento da cooperação global, através de medidas que permitam que os países trabalhem juntos para "acelerar iniciativas políticas que possam ajudar a direcionar os fluxos de IDE para as economias em desenvolvimento com as maiores lacunas de investimento".
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