Os concursos públicos das ligações do Metro do Porto a Gondomar e de BRT (metrobus) à Trofa podem ser lançados no primeiro trimestre de 2026, sendo a análise ambiental submetida nas próximas semanas, segundo o presidente da empresa.
"No primeiro trimestre de 2026 a empresa estará em condições de lançar os concursos em construção dessas duas empreitadas", disse, em entrevista à Lusa, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, que deverá sair da presidência da empresa nas próximas semanas.
O responsável disse que estão a ser terminados "os estudos prévios para submetê-los a Estudo de Impacto Ambiental (EIA) agora durante o mês de agosto, início de setembro", altura em que "estará tudo concluído" para depois ocorrer "a obtenção da Declaração de Impacto Ambiental (DIA)".
Num balanço dos seis anos em que esteve à frente da empresa (2019-2025), Tiago Braga recordou os "cerca de 1.700 milhões de euros" no atual ciclo de investimentos da Metro do Porto, que ainda não estão todos "ainda em execução física".
Tiago Braga elencou projetos como "a [extensão da] linha Amarela, a linha Rosa, o BRT [Bus Rapid Transit, vulgo metrobus], a linha Rubi, a linha da Trofa [em metrobus], a linha de Gondomar, os estudos da linha da Maia II, da linha de São Mamede [de Infesta, Matosinhos], a continuação da linha Rosa até à Asprela, o PMO [Parque de Material e Oficinas] de Vilar de Andorinho, ou a nova sede", que "não podem ser desvalorizados".
"Olho para estes seis anos sempre com um espírito muito crítico, de procurar identificar aquilo que não correu tão bem", afirma, mas considera que seria "uma falta de respeito pelos milhares de técnicos" envolvidos nos projetos dizer que o período "não correu bem e foi um fracasso".
Sobre uma das obras atuais, a da Linha Rubi, "está a andar de acordo com o previsto", apesar de "alguns problemas na ponte", onde já se verá alguma parte do tabuleiro da ponte sobre o rio Douro até ao fim do verão, mantendo-se a previsão de abrir a linha à circulação no final de 2026, separadamente, em Gaia e no Porto, ainda sem travessia.
Tiago Braga disse ainda que o prolongamento da subconcessão do Metro do Porto até março de 2027 foi "uma decisão de gestão da Metro do Porto", rejeitando qualquer tipo de favorecimento ao atual operador, a ViaPorto, do grupo Barraqueiro.
"Nós não quisermos, em simultâneo com a inauguração das linhas, que ocorresse a mudança de subconcessionário" e "acrescentar risco", já que uma nova linha "exige uma interação muito grande com os subconcessionários, desde a contratação e formação de equipas, a disponibilidade de maquinistas e técnicos para fazer os ensaios integrados e dinâmicos, a disponibilidade para fazer ensaios de sinalização e de 'gabarit'", explicou.
Sobre a solução metrobus para a Trofa, rejeitada por movimentos da região, reconheceu que a "racionalidade da operação" e a qualidade do serviço prestado ao passageiro pode ficar afetada por o metro ir só até Muro e se obrigue a uma mudança para um metrobus no resto do caminho, mas diz que "é isso que garante a sustentabilidade do serviço".
"Sem VAL [valores atuais líquidos] económicos positivos não há financiamento", vincou, quando questionado sobre o encaixe dos estudos económico-financeiros nos requisitos da União Europeia para financiar os projetos.
Tiago Braga disse também que ainda não há financiamentos assegurados para a linha de São Mamede e Maia II (que pode ser em metro ou metrobus), e questionado sobre se não pode haver a tentação de fazer a linha circular do Porto primeiro, disse que essa linha "faz sentido sempre", mas "há espaço para se conseguir garantir os recursos" para financiar tudo após 2030.
Referiu ainda que, no caso da articulação da futura linha de São Mamede com a linha ferroviária de Leixões, reaberta a passageiros em fevereiro, a articulação com a CP não está a acontecer "com a intensidade e com a sistemática que devia acontecer".
"Devia haver uma entidade, que me parece que é a TMP [Transportes Metropolitanos do Porto] - e por isso é que eu me bati muito pela existência da TMP - que possa adquirir competências não só ao nível do transporte rodoviário, mas do ecossistema de transporte", incluindo "ferroviário, ferroviário ligeiro, as trotinetes, as bicicletas" e ainda o estacionamento ou "os centros das estações intermodais ou terminais".
Disse ainda que, com os novos validadores instalados, aguarda pela TMP para implementar pagamentos com cartão bancário sem contacto em toda a rede do metro (atualmente só é possível nalgumas estações), preferindo fazê-lo em todo o sistema Andante, mas "se a solução a nível global demorar muito", a Metro do Porto avança sozinha.
Para substituir Tiago Braga, o Governo pretende nomear o reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Emídio Gomes, como próximo presidente da Metro do Porto, e o nome já foi aprovado pela Área Metropolitana do Porto (AMP) em julho.
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