O Estado-Maior Conjunto do Japão informou em comunicado que, por volta das 13h00 do último sábado (05h00, em Lisboa), o porta-aviões chinês Shandong e a respetiva frota de escolta navegavam a cerca de 550 quilómetros a sudeste da ilha de Miyako, na prefeitura de Okinawa.
Numa nota separada, o órgão japonês acrescentou que o porta-aviões Liaoning e outros três navios de guerra estavam, no mesmo dia, às 16h00 (08h00, em Lisboa), a cerca de 300 quilómetros a sudeste da ilha Minami Torishima, o que constituiu a primeira ocasião em que ambos os porta-aviões chineses operaram simultaneamente numa zona tão remota no Pacífico Ocidental.
Um porta-voz da Marinha chinesa confirmou na terça-feira que os porta-aviões realizaram treinos nesta região com o objetivo de "testar a capacidade de proteção em alto mar e as capacidades de combate conjunto", salientando que se tratava de um "treino de rotina" em conformidade com o direito internacional.
Em declarações recolhidas pela CNA, agência de notícias de Taiwan, o ministro da Defesa de Taiwan sublinhou hoje que a ilha manteve "controlo total" sobre as atividades destes dois porta-aviões.
"A travessia de ambos os navios pela primeira cadeia de ilhas e a sua extensão para a segunda envia uma mensagem política clara e revela a natureza expansionista do país", afirmou o ministro.
A primeira cadeia de ilhas é um conceito estratégico que se refere a uma linha de arquipélagos que vai das ilhas Curilas, no norte, passando pelo Japão, Taiwan e Filipinas até Bornéu, enquanto a segunda cadeia se estende das ilhas Ogasawara, no Japão, até Guam e Palau.
Em agosto passado, o Conselho de Assuntos Continentais de Taiwan publicou um relatório a alertar que a China poderia usar os seus porta-aviões para cercar a ilha e impedir qualquer tipo de ajuda externa, por meio de uma estratégia de "anti-acesso/ negação de área" (A2/AD).
O órgão responsável pelas relações com a China assinalou que os porta-aviões Liaoning e Shandong "estão constantemente a gerar capacidades de combate" e "a realizar treinos de longa duração para além da primeira cadeia de ilhas", com o objetivo de "construir uma capacidade de defesa entre a primeira e a segunda cadeia de ilhas".
A implantação destes dois porta-aviões coincide com a intensificação da atividade naval chinesa em torno da ilha: o Ministério da Defesa Nacional (MDN) de Taiwan detetou 250 navios de guerra chineses a operar nas proximidades do seu território em maio, o número mensal mais alto até agora este ano.
Leia Também: Ex-presidente taiwanês Ma Ying-jeou visita China para fórum comunista