Os números foram apontados pelo porta-voz da organização, Mahmoud Bassal, à agência France Presse (AFP), ao final da tarde no enclave palestiniano.
Os militares israelitas disseram à AFP que verificaram as declarações de Bassal, mas negaram que os seus militares tenham disparado contra pessoas que aguardavam ajuda do território.
A organização humanitária Ação Contra a Fome revelou hoje que dois dos seus dois membros foram mortos na quinta-feira num ataque com um drone israelita contra uma área que não se encontrava sob aviso de evacuação.
Mohammed Hussein e Obada Abu Issa morreram "em consequência de um ataque de drone israelita dentro de uma área densamente povoada de Gaza que não tinha recebido ordens de evacuação", afirmou a ONG em comunicado.
"Ambos os trabalhadores estavam de folga no momento do ataque, aproveitando o seu tempo livre", informou a organização, lamentando a morte dos seus elementos, que eram colaboradores há cerca de um ano.
Ao todo, 72 pessoas foram mortas nesse mesmo dia em ataques israelitas, de acordo com o boletim diário do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.
O grupo islamita palestiniano Hamas apelou hoje à ONU para que estabeleça uma comissão internacional de investigação às mortes de civis ??pelas forças israelitas durante a entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, depois de ter elevado para 570 o número de vítimas fatais neste tipo de incidentes no último mês.
"Pedimos à ONU que estabeleça uma comissão internacional para investigar estes crimes e punir os responsáveis ??face à justiça internacional", afirmou o grupo palestiniano.
O Hamas registou ainda quase quatro mil feridos pessoas "sob o pretexto da distribuição de ajuda", após o lançamento das operações da Fundação Humanitária de Gaza (FHG), apoiada por Israel e pelos Estados Unidos.
Uma investigação do jornal israelita Haaretz revelou hoje que soldados israelitas, posicionados a poucas centenas de metros dos pontos de distribuição de alimentos da controversa fundação humanitária, receberam ordens dos seus comandantes para disparar sobre os palestinianos em busca de alimentos sem motivo aparente.
"É uma zona de matança", disse, sob anonimato, um militar ao jornal, que tem sido altamente criticado pelo Governo israelita pela sua cobertura e posicionamento em relação ao conflito na região.
"Onde eu estava destacado, entre uma e cinco pessoas eram mortas todos os dias. Eram tratadas como uma força hostil: sem medidas de controlo de multidões, sem gás lacrimogéneo, apenas balas disparadas de tudo o que se possa imaginar - metralhadoras pesadas, lança-granadas, morteiros", descreveu na investigação do Haaretz, que é citado pela agência EFE.
De acordo com os soldados e militares entrevistados, as forças israelitas disparam contra aqueles que chegavam antes do horário de funcionamento dos centros de ajuda - por vezes dezenas de milhares que caminhavam quilómetros à noite - para evitar que se aproximassem prematuramente, e novamente após o encerramento para os dispersar.
Em diversas ocasiões, o Exército israelita reconheceu ter disparado "tiros de aviso" contra palestinianos que alegadamente se desviaram da rota estabelecida ou que acreditavam representar "uma ameaça".
Por seu lado, a FHG nega estes incidentes, apesar da divulgação de vídeos captados nos locais e de relatos de palestinianos feridos a afluir a hospitais próximos, a maioria com ferimentos de balas.
"Abrimos fogo de manhã cedo se alguém tentar invadir a centenas de metros de distância, e às vezes simplesmente atacamos à queima-roupa", relatou outro soldado ao Haaretz, referindo que "não está certo que os comandantes estejam a fazer justiça pelas suas próprias mãos", ao mesmo tempo que descreve a Faixa de Gaza como "um universo paralelo".
O Exército israelita já negou os relatos divulgados no Haaretz.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada em 07 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas em solo israelita, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 56 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, e a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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