Trump esperançoso com cessar-fogo em Gaza "na próxima semana"

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revelou estar esperançoso de que um cessar-fogo em Gaza entre em vigor já na próxima semana.

"Achamos que na próxima semana vamos ter um cessar-fogo", disse o líder norte-americano aos jornalistas, citado pela Agência France-Presse.

"Estamos a fornecer muito dinheiro e muita comida àquela zona [Gaza]. Olho para as multidões que não têm comida, não têm nada, e somos nós que a levamos para lá", afirmou, sublinhando que algumas destas pessoas são "más" e que acabam por "vender os alimentos". No entanto, Trump adiantou que o sistema que funciona agora é "bastante bom."

Já esta sexta-feira, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, apelou a um cessar-fogo na zona, lembrando as famílias que têm vindo a ser deslocadas "uma e outra vez."

Guterres lembrou ainda, em declarações aos jornalistas, que esta é uma fase crítica da guerra, que está a ser adensada pela falta de combustível, medicamentos, abrigo e comida. "A procura por comida nunca deve ser uma sentença de morte", afirmou.

O líder da ONU falou ainda sobre três prioridades, nomeadamente, a existência de um cessar-fogo, a libertação de reféns e o acesso humanitário. Durante a intervenção falou ainda de um apelo mais geral, considerando que "o único caminho sustentável para reestabelecer a esperança é caminhar em direção a uma solução de dois Estados: a diplomacia e a dignidade humana têm de prevalecer."

Bom sistema... ou não?

Apesar de Trump falar num "bom sistema", o líder da ONU não tem a mesma opinião - dado que durante esta tarde já tinha considerado que o sistema em si estava a "matar". Em causa estão as operações de ajuda lideradas pelo Fundo Humanitário de Gaza, organização criada pelos Estados Unidos e aceite por Israel para distribuição de ajuda ao enclave e que funciona à margem da ONU.

As distribuições de alimentos desse fundo levaram a numerosos episódios de caos e violência, com a intervenção do exército israelita, que disparou contra palestinianos que procuravam comida em diversas ocasiões.

No total, mais de 500 pessoas morreram durante a distribuição de alimentos.

Entretanto, o jornal israelita Haaretz publicou uma investigação que dava conta de que soldados israelitas encarregados de supervisionar a entrega de alimentos receberam ordens para disparar deliberadamente contra a multidão, antes e depois da distribuição.

Ao ser questionado sobre essa reportagem, Guterres respondeu: "não precisamos de reportagens dessa natureza para reconhecer que houve violações maciças do direito internacional. E, de facto, quando há uma violação do direito internacional, deve haver responsabilização".

"As pessoas estão a ser mortas simplesmente a tentar alimentar-se a si e às famílias. A procura de alimento nunca deve ser uma sentença de morte", declarou.

"Israel, como potência ocupante, tem a obrigação de aceitar e facilitar a ajuda humanitária", acrescentou.

Para Guterres, não há necessidade de aplicar modelos perigosos de distribuição de ajuda quando a ONU já tem "um plano detalhado baseado nos princípios humanitários de humanidade, imparcialidade, neutralidade e independência".

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